quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Marcadores Temporais da Ovulação

   Na postagem de hoje, falaremos sobre o processo de ovulação, amplamente influenciado por marcadores temporais, pois considera-se como marcador temporal qualquer hormônio que varie com o tempo e que possa ser medido. Na ovulação, há variação de diversos hormônios no decorrer do ciclo. Vamos analisá-lo a seguir. 
   O ciclo menstrual ou ciclo reprodutor é um processo pelo qual o corpo da mulher se prepara para uma possível gravidez. Ele é, simplesmente, um processo que ocorre em decorrência da secreção de quatro hormônios principais: estrógeno e progesterona, secretados pelos ovários, hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante (FSH), secretados pela hipófise. 
   A menina começa a produzir os hormônios sexuais femininos, estrógeno e progesterona, durante a puberdade. O estrógeno é sintetizado nas células do folículo ovariano em desenvolvimento. Tem como consequência o surgimento das características sexuais secundárias femininas, tais aparecimento das mamas, alargamento dos quadris, pêlos, etc. Além disso, ele também induz o amadurecimento dos órgãos genitais. O outro hormônio sexual feminino sintetizado, principalmente pelo corpo lúteo, é a progesterona. Ela estimula o desenvolvimento dos vasos sanguíneos e das glândulas do endométrio, tornando-o espesso e preparando o útero para receber o embrião.
  Quando a menina começa a produzir esses hormônios sexuais, ovulará uma vez por mês, dando início ao seu ciclo menstrual, que ocorrerá a cada 28 dias, na maior parte dos casos. O ovário, no momento da ovulação, joga um ovócito secundário, ao mesmo tempo em que o útero se prepara para receber o embrião. Caso ocorra a fecundação do ovócito secundário, o embrião se implantará no útero e se desenvolverá, caso contrário, ele se degenera e é eliminado juntamente com a parede interna do útero, em um processo chamado de menstruação. Todos esses processos que ocorrem tanto no útero quanto no ovário são controlados pelos hormônios FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante). A menstruação ocorre quando as taxas de todos os hormônios ficam muito baixas no sangue da mulher, e marca o início de um ciclo menstrual.
  No início de cada ciclo, quando acontece a menstruação, a hipófise libera quantidades reduzidas de FSH e LH. Esses dois hormônios induzirão o crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos. Tal crescimento induz a elevação da síntese de estrógeno. Este estrógeno, então, é secretado em uma taxa crescente. O aumento de estrógeno estimula a proliferação endometrial. O estrógeno atinge seu ápice aproximadamente na metade do ciclo menstrual, como veremos no gráfico abaixo:
 
  A elevada concentração de estrógeno, primeiramente reduz a produção de LH e FSH. Porém, em seguida, provoca uma elevação repentina, o chamado surto pré-ovulatório, desses dois hormônios, o que estimulará a ovulação. Quando a ovulação passa, os elementos restantes do folículo rompido formam o corpo lúteo, que secreta estrogênio e progesterona, com a finalidade de manter uma eventual gravidez.
  Se a fecundação não ocorrer, os níveis de progesterona e estrogênio cairão, o que reduzirá, também, a síntese de LH e FSH, levando a uma regressão do corpo lúteo. Isso, por sua vez, reduzirá a produção de progesterona e estrogênio e levará à descamação do endométrio, ocorrendo, assim, uma nova menstruação e iniciando um novo ciclo.
  
  Porém, quando, durante o ciclo menstrual, ocorre a fecundação , o embrião atinge o útero e a placenta secreta um hormônio chamado de hCG – Human chorionic gonadotropin – que impede a degeneração do corpo lúteo. Este tem a função de manter a produção de progesterona e estrógeno, hormônios críticos para a manutenção da gestação. A produção ovariana destes hormônios inibibe a produção hipofisária de LH e FSH, impedindo o estímulo de novos folículos ovarianos e, conseqüentemente, a ovulação durante todo o período da gestação. Há assim um bloqueio do ciclo menstrual. No final da gravidez o corpo lúteo se desintegra, diminui a quantidade de progesterona, provocando a contração do útero que facilita a expulsão do feto durante o parto. Após o parto um novo ciclo menstrual se inicia.
  Com o exposto, é possível perceber que o ciclo menstrual é controlado por hormônios. Como esses hormônios sofrem variações de acordo com a sucessão dos processos e com o tempo, podem ser considerados marcadores temporais. 

Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302001000100018&script=sci_arttext
http://www.ufrgs.br/espmat/disciplinas/midias_digitais_II/modulo_II/fisiologia2.htm
http://www.brasilescola.com/biologia/fisiologia-feminino.htm

8 comentários:

  1. A pílula contém versões sintéticas de estrogênio e progesterona que enganam o cérebro. Daí, a massa cinzenta interpreta que os hormônios na circulação foram fabricados pelos ovários e deixa de financiar sua produção, através de um mecanismo de feed-back negativo. O estrogênio em alta impede a secreção de FSH, hormônio que estimularia a maturação dos folículos contendo os óvulos. Com a progesterona à solta,também não há secreção de outro hormônio, o LH, evitando que haja ovulação.A pílula interfere ainda nos movimentos da tuba uterina para assim,barrar a chegada do óvulo ao útero. Trata-se de uma medida preventiva caso a primeira e principal ação do anticoncepcional, que é impedir a ovulação,falhe. Por fim, a progesterona toma o endométrio menos espesso, dificultando que o óvulo fecundado se fixe a essa fina parede. Ela também aumenta a quantidade de muco no colo uterino para os espermatozoides não consigam ultrapassá-lo

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  2. Só complementando o final da postagem: Após o parto, se a mãe mantiver a amamentação correta a criança, a mulher só volta a ovular, na maioria dos casos, depois de seis meses. Ou seja, a amamentação exclusiva é um ótimo anticoncepcional natural para as mães durante um bom tempo. É importante também observar que o fato desses hormônios serem marcadores está na relação que ele estabelece os acontecimentos na parede do útero e no ovário ao mesmo tempo. A fase proliferativa do endométrio coincide com o crescimento do folículo ovariano, pois esse desenvolvimento libera estrogênio no sangue e faz a parede do endométrio crescer. Com a ovulação começa a fase secretora na qual a progesterona produzida pelo agora corpo lúteo vai preparar o endométrio com secreção nutritiva para servir de alimento para o zigoto caso haja fecundação. Se não houver fecundação, o corpo lúteo atrofia e com isso começa a fase isquêmica no endométrio, o que vai causar a morte das células endometriais superficiais e posteriormente a menstruação na fase menstrual. Assim, podemos perceber que a perfeita comunicação entre os acontecimentos no ovário e no endométrio só é possível pela presença dos marcadores temporais citados.

    Fonte: Aulas de Embriologia e Livro de Embriologia Clínica do Moore

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  3. É de grande importância lembrar que qualquer alteração na liberação dos hormônios citados acima pode gerar infertilidade. Isso, por sua vez, acontece em casos básicos, como no caso de uma mulher atleta. A prática de exercícios extenuantes, particularmente corridas de longa distância, tem sido associada com vários distúrbios do ciclo menstrual, incluindo retardo puberal, defeitos na fase lútea, anovulação e amenorreia. A chave para compreendermos as alterações reprodutivas e no ciclo menstrual que ocorrem durante o treinamento físico parece residir no hipotálamo. Hans Selye, em 1939, foi o pioneiro num estudo sistemático que correlacionou o exercício físico com disfunção menstrual. Observou dois grupos de ratas: um grupo foi submetido a uma carga de exercício de alta intensidade de forma abrupta e o outro de forma gradual, todas foram sacrificadas no final de 3 meses. O primeiro grupo apresentava atrofia completa do interstício ovariano; portanto, tornaram-se estéreis, e o segundo grupo estava normal. Concluiu que o exercício suprimia a reprodução e referiu, pela primeira vez, o que lhe valeu o prêmio Nobel, o fenômeno de adaptação e o papel do exercício como fator de stress. Infelizmente Selye não estudou o peso nem a gordura ou níveis hormonais das ratas. Quarenta anos mais tarde, Shangold e cols publicaram o primeiro estudo observacional documentando um encurtamento gradual do comprimento da fase lútea em corredoras.

    Referências:
    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302001000400006&script=sci_arttext&tlng=es

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  4. A liberação do hormônio gonadotrófico humano é realizada a partir da implementação do embrião no endométrio, na segunda semana após a fecundação. A produção do hormônio é feita pelas células do sinciciotrofoblasto ( ou célula, ja que as células se unem) que entra na circulação materna, estimulando os folículos a continuar produzindo estrógeno, para que se mantenha a gravidez. Dessa forma, esse homônio, hCG, pode ser usado em teste de gravidez, como os de farmácia, ou em exames laboratoriais, mais seguros, a partir da segunda semana de gestação.
    fonte: Aulas de embriologia.

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  5. A regulação hormonal do ciclo menstrual da mulher é de fundamental importância. Tanto que as pílulas anticoncepcionais são justamente os hormônios femininos, isto é, estrogênio e progesterona. Dessa forma, sem a formação de picos e depressões nos níveis hormonais, a mulher não libera o ovócito maduro. As pílulas contraceptivas lançadas em 1960 tinham doses altíssimas de hormônios. As atuais contêm muito menos progesterona e estrogênio em sua composição.A redução dos níveis de estrogênio também tornou possível controlar dois efeitos adversos das pílulas de alta dosagem hormonal: o aumento de peso e a dor nas mamas. Hoje, sabemos que elas promoviam inchaço e não propriamente acúmulo maior de tecido adiposo. De qualquer forma, a baixa dosagem de hormônios que entra na composição das pílulas modernas faz a mulher inchar menos e, consequentemente, ganhar menos peso.
    Fonte: http://drauziovarella.com.br/mulher-2/pilulas-anticoncepcionais/

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  6. Importante abordar o caso de mulheres que apresentam cistos nos ovários. Uma a cada 4 mulheres tem cisto no ovário e, se esses cistos aparecem em maior quantidade, ocorre a síndrome dos ovários policísticos, um problema que pode causar alterações no ciclo menstrual e até dificultar a gravidez. Entre as mudanças na menstruação, a síndrome não altera a quantidade de sangramento, mas sim a quantidade de ciclos, que podem ser mais espaçados ou a mulher ter menos fluxos durante o ano. Isso acontece porque o folículo que cresce dentro do ovário não cresce muito e não recebe o óvulo, tornando-se um cisto – ou seja, se não há ovulação, não há menstruação. Por isso, em alguns casos, as pacientes podem tomar remédios para estimular a ovulação e voltar a menstruar normalmente. Além disso, elas podem também fazer a cauterização dos cistos para tratar a infertilidade. Fora esses dois sintomas, a síndrome pode ainda levar à obesidade, acne, oleosidade da pele, queda de cabelo, e aumento dos pelos no rosto, seios e abdômen da mulher. Por isso, quem tem o problema deve se preocupar em perder peso, em tratar a acne e pode também usar as pílulas anticoncepcionais para controlar os sintomas.

    http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/11/ovarios-policisticos-podem-alterar-o-ciclo-menstrual-e-dificultar-gravidez.html

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  7. Durante a discussão sobre o ciclo menstrual e os hormônios relacionados, é importante lembrarmos que eles são divididos em fases para melhor compreensão. A primeira fase ou fase menstrual ocorre quando a camada funcional da parede uterina desintegra-se e é expelida com o fluxo menstrual, durando de 4 a 5 dias. A próxima fase é a proliferativa, esta que coincide com o crescimento dos folículos ovarianos,sendo controlada pelo estrogênio, como dito na postagem, durando cerca de 9 dias junto com o aumento em número das glândulas e alongamento das artérias espiraladas. A terceira fase ou lútea, que dura 13 dias, representa a formação, o crescimento e o funcionamento do corpo lúteo e, por fim, a etapa da gravidez, caso ocorra fecundação, em que há cessamento do ciclo menstrual ou a fase isquêmica, cas não haja gravidez, em que o ciclo reinicia
    Fonte: Livro Embiologia Clínica do Moore

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  8. É importante citar dentro do assunto abordado um importante marcador da gravidez: gonadotrofina coriônica humana - hCG. Sete a dez dias após a concepção, a concentração de hCG alcança 25 mUI/mL e aumenta ao pico de 37 000-50 000 mUI/mL entre oito e onze semanas. Por isso é usado nos exames de gravides e possui um grande acerto de quase 100%. Mas o que muitos não sabem é que o hCG pode funcionar como outro tipo de marcador. Ele pode indicar câncer, como coriocarcinoma, na mulher, ou até mesmo câncer de testículo no homem. De modo geral, o hCG é importante para manter o corpo lúteo e assim manter a gravidez. Sem ele, o corpo lúteo regride e a mulher pode ter um aborto.
    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-84781995000100021&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

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