terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Marcadores Tumorais: Como Interpretar

     Finalmente, chegamos à décima postagem do blog "Marcadores Temporais"! Com o fim do blog, haverá também o encerramento do ciclo de postagens sobre os marcadores tumorais, bem como um resumo superficial do blog como um todo. Vamos lá?
   Como prometido, na postagem de hoje, falarei sobre como interpretar os dados fornecidos pelos marcadores tumorais, ou seja, como obter um diagnóstico a partir das concentrações desses marcadores, além de como acompanhar a efetividade de um tratamento a partir deles. Além disso, falarei brevemente sobre os sintomas que podem gerar a desconfianças da existência de um tumor, os quais são complementares aos exames na obtenção de um diagnóstico.
  Como dito em postagens anteriores, o marcador tumoral perfeito deveria ser muito específico para um dado tipo de câncer, além de sensível o suficiente para detectar a existência de uma reduzida quantidade de células neoplásicas. Dessa forma, esse marcador seria capaz de possibilitar o diagnóstico precoce. Além disso, seria interessante se o marcador em questão fosse produzido apenas pelas células tumorais. Como o leitor já deve imaginar, esse marcador perfeito não passa de uma idealização. Na "vida real", a maioria dos marcadores é bastante inespecífica, dificultando um diagnóstico baseado apenas em suas concentrações. Porém, outras fontes dizem, ainda, que um marcador tumoral perfeito é aquele capaz de atuar no diagnóstico, no prognóstico, no monitoramento do tratamento e no acompanhamento para detectar reincidência ou metástases.Se levarmos em conta essa última definição, a Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) pode ser considerada um marcador perfeito para o coriocarcinoma, que é um câncer que geralmente ataca a placenta durante a gestação.
   Para avaliar a efetividade de um tratamento com o uso de marcadores tumorais, um fator importante a se observar é seu tempo de permanência na circulação, medido a partir da meia vida, ou seja, o tempo gasto para que a concentração do marcador em questão caia pela metade, a partir do momento em que a produção cesse. Por exemplo, para a alfa-fetoproteína, citada nas postagens anteriores, a meia-vida é de 5 dias, para o antígeno prostático específico é de 3 dias e para a gonadotrofina coriônica cerca de 12 a 20 horas. Assim, caso a meia-vida observada seja significativamente maior do que a esperada, pode-se deduzir que o tratamento não foi efetivo o bastante para remover por completo a massa tumoral. Se os níveis de marcadores diminuírem, significa uma resposta positiva ao tratamento.
     Para explicar o uso dos marcadores tumorais no diagnóstico, usarei alguns exemplos práticos. Inicialmente, é importante destacar que, em geralos marcadores tumorais não são usados, individualmente, no diagnóstico do câncer. Para isso, a biópsia é sempre o teste mais confiável. Os marcadores tumorais, entretanto, podem auxiliar em casos de suspeita de câncer, além de poderem ajudar a descobrir o local de origem, se um tumor já se espalhou. Vamos aos exemplos prático: O PSA (Antígeno Específico da Próstata), desde a sua descoberta é tido e utilizado como tecido específico e sêmen específico marcador, logo, suas concentrações elevadas podem significar um câncer de próstata. Analisando um outro caso, se uma mulher tem uma suspeita de câncer na região da pelve e abdome, um resultado aumentado do marcador tumoral CA 125, também citado na postagem anterior, poderá sugerir um câncer de ovário, mesmo se após a cirurgia não ficar claro que a doença se iniciou nesse órgão. Isto é significativo, porque o tratamento pode ter como objetivo o câncer de ovário.   
      Falando sobre os sintomas dos tumores em geral, pode-se ressaltar que grande parte dos tumores, no início, não apresenta sintomas. Alguns não apresentam nem mesmo em fases avançadas. Porém, quando esses sintomas se manifestam, dependem do tipo e da localização das células neoplásicas em questão. Os tumores pulmonares, por exemplo, podem desencadear dor no peito, falta de ar ou tosse. Os tumores do sistema gastrointestinal, por sua vez, podem causar sangue nas fezes, diarréia e perda de peso. Assim, é importante ficar atento ao histórico familiar e sempre realizar os exames de rotina; além de consultar ajuda especializada a qualquer sinal de anormalidade.
       Então é isso, pessoal! Por aqui se encerra mais um blog. Espero que todos tenham compreendido que marcadores temporais são substâncias (hormônios, enzimas...) que possuem sua concentração alterada ao longo de processos fisiológicos, o que pode indicar doenças (Infarto Agudo do Miocárdio, tumores..), a ovulaçãoou até mesmo o envelhecimento, como acontece com a telomerase (citada nas primeiras postagens, lembram?) e com a lactase (será abordada no seminário, no qual tentarei convencê-los de que não devemos consumir leite após o período de amamentação!) Muito obrigada pela atenção, e espero ter despertado em vocês o interesse por esse assunto tão interessante e presente na prática médica! Tchau!


Referências: 
http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=105
http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/oncologi/livro3/cap/cap10.htm
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/como-os-marcadores-tumorais-sao-usados/4013/683/
http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Expert=99926&lng=PT
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/tumor

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Mais Sobre Marcadores Tumorais

  Como prometido na última postagem, no post de hoje continuaremos a falar sobre marcadores tumorais, já que eles são tão numerosos e variados. O marcador tumoral ideal, deve ter relação direta com o processo maligno, correlacionar-se com a massa tumoral, permitir a caracterização do tipo, localização e estagiamento do tumor e ainda permitir uma avaliação prognóstica. 
  Atualmente, o marcador tumoral mais utilizado é o antígeno prostático específico (PSA), que é usado para detectar a presença do câncer de próstata. Homens com câncer de próstata geralmente têm níveis elevados de PSA. Mas, em alguns casos o resultado com níveis altos de PSA pode ser visto em homens sem câncer, e um PSA normal em homens com câncer de próstata. O PSA não é um marcador tumoral perfeito. Tanto que, nem todos os médicos concordam que seja ideal para usá-lo em todos os homens. No momento, nenhum marcador tumoral é utilizado para a detecção de câncer na população em geral. Alguns dos marcadores utilizados no momento podem ajudar a diagnosticar a doença em fase inicial, mas eles só são realizados em pessoas que fazem parte do grupo de risco para certos tipos de câncer. A seguir, serão descritos outros marcadores tumorais.
   Quinase do Linfoma Anaplásico (ALK)Alguns cânceres de pulmão têm alterações no gene ALK que induz as células cancerígenas a produzirem uma proteína que provoca o crescimento fora de controle. Os tecidos tumorais podem ser estudados para alterações desse gene.
   Com relação aos marcadores tumorais, é possível ainda citar o caso de Angelina Jolie, que retirou as mamas por conta do marcador BRCA1 elevado, indicando possibilidades de um futuro câncer de mama.


    Na próxima postagem, esclareceremos como fazer uso das informações fornecidas pelos marcadores tumorais. 

Fontes:
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/marcadores-tumorais-especificos/4015/683/
http://www.cerpe.com.br/clientes/artigo/marcadores-tumorais

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Marcadores Tumorais

  Na postagem de hoje, voltaremos a abordar o uso de marcadores temporais no diagnóstico de processos patológicos. Com esse objetivo, falaremos de vários compostos que podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico de tumores, como o alfa feto proteína (AFP), o CA 125 e a calcitonina. 
  Os marcadores tumorais podem ser identificados no sangue, em fluidos corporais e tecidos e na urina. Certos marcadores  associam-se a um tipo específico de câncer, outros podem ser encontrados em vários distintos. Porém, os marcadores tumorais por si só são, geralmente, insuficientes para indicar a presença de um câncer, pois, algumas doenças benignas também podem aumentar os níveis de determinados marcadores tumorais. Por outro lado, nem todas as pessoas com câncer poderão ter níveis aumentados de um marcador tumoral. Dessa forma, vê-se que não é possível fechar um diagnóstico de câncer apenas com base nesses marcadores, eles são apenas um indício a mais da patologia em questão. Para melhor efetuar o diagnóstico, deve-se levar em questão o histórico do paciente, exame físico, exames laboratoriais e de imagem. 
  Quando a pesquisa sobre esses marcadores foram iniciadas, esperava-se que, no futuro, todos os tipos de câncer poderiam ser detectados precocemente com um exame de sangue, que poderia diagnosticar cânceres em estágios iniciais, evitando a morte de milhões de pessoas. Infelizmente, porém, poucos marcadores tumorais podem detectar o câncer em estágio inicial. Isso, pois quase todas as pessoas tem uma pequena quantidade desses marcadores no sangue, por isso é muito difícil detectar cânceres usando esses exames. Além disso, mesmo quando os níveis destes marcadores são altos, isso nem sempre significa presença de câncer. Por exemplo, o nível do marcador tumoral CA 125 pode estar elevado em mulheres com outras condições ginecológicas além do câncer de ovário. Sendo assim, os marcadores tumorais são usados principalmente em pacientes que já foram diagnosticadas com câncer para acompanhar sua resposta ao tratamento ou diagnosticar uma recidiva após o termino do tratamento.
  A Alfafetoproteína (AFP) é produzida no saco vitelínico ou vesícula umbilical, e seu valor normal é considerado abaixo de 15 migrog/L. Uma elevação na concentração de AFP pode indicar tubo neural aberto ou defeito na parede abdominal do feto, gestação múltipla, morte fetal, hemorragias feto-natais. Além disso tudo, A AFP pode ajudar a diagnosticar e orientar o tratamento de câncer de fígado. Os níveis normais de AFP são geralmente menores a 10 ng/ml e encontram-se aumentados na maioria dos pacientes com câncer hepático. A AFP também pode estar elevada na hepatite aguda e crônica, mas raramente acima de 100 ng/mL nestas doenças. A AFP é útil, ainda, no acompanhamento da resposta ao tratamento desse tipo de câncer. Se o tumor for completamente removido cirurgicamente, o nível da AFP deve voltar a valores normais. Se o nível subir, pode significar uma recidiva da doença. A AFP, pode, também, estar aumentada em determinados tumores de células germinativas, como alguns tipos de câncer de testículo, certos tipos raros de câncer de ovário e os tumores de células germinativas que se originam na região torácica.
  O CA 125, já citado na postagem, é indicado na monitoração de pacientes com tumores ovarianos endometriais, endocervicais e de trompa de Falópio. Níveis séricos elevados são encontrados em doenças malígnas, como o câncer de mama e de pulmão e em algumas doenças benignas (pancreatite, peritonite e cirrose hepática). Os níveis sanguíneos normais são normalmente inferiores a 35 U/ml. Mais de 90% das mulheres com câncer de ovário avançado apresentam altos níveis de CA 125. Os níveis desse marcador também podem ser elevados em homens e mulheres com câncer de pulmão, pâncreas, mama, fígado e cólon, e em pessoas que já tiveram câncer.
   Por fim, a calcitonina é  um hormônio produzido pelas células parafoliculares C da glândula tireoide, que normalmente ajuda a regular os níveis de cálcio no sangue. Os valores de calcitonina normais devem estar abaixo 5 a 12 pg/mL. Esse hormônio é o principal marcador do câncer medular de tireóide (MTC). Nessa enfermidade, os níveis sanguíneos deste hormônio são frequentemente superiores a 100 pg/ml. Este é um dos marcadores tumorais raros, que pode ser usado ​​para ajudar a detectar o câncer precocemente. Como o MTC é muitas vezes herdado, a calcitonina no sangue pode ser medida para detectar o câncer em estágio inicial em membros da família que se sabe estar em risco.O aumento da concentração desse hormônio pode, ainda, indicar metástases ou recorrência, além de tumores malígnos do trato digestivo e pancreático.
   Os marcadores tumorais são numerosos e variados. Dessa forma, continuaremos a discutir sobre eles em postagens futuras!


Fontes:
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/marcadores-tumorais/4011/1/
http://www.cerpe.com.br/clientes/artigo/marcadores-tumorais

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O parto e Seus Marcadores

   A vida é formada por uma rede que relaciona todos os seres, fazendo com que um seja dependente do outro para sobreviver. A própria natureza desenvolve mecanismos de auto-regulação. Cada fêmea, por exemplo, já nasce com um sistema reprodutor organizado e adaptado pata gestar e parir. Em um parto "saudável", é o próprio corpo quem se encarrega de produzir analgésicos, como as beta-endorfinas, que amenizam as dores do parto. É também o organismo que produz ocitocina, responsável por prevenir a hemorragia pós-parto. Ou seja, o corpo realiza ações coordenadas sem que exista necessidade de um mecanismo racional para ativar tal comando. Tendo isso em vista, é possível afirmar que, durante o parto, existem diversos hormônios que têm suas concentrações alteradas, funcionando como marcadores bioquímicos temporais.
  Para dar a luz, a mulher libera uma combinação de hormônios, formada por ocitocina, ACTH, catecolaminas, endorfina, prolactina e outros. Como esses hormônios têm sua concentração aumentada durante o trabalho de parto, são classificados como marcadores bioquímicos temporais. Na postagem de hoje, abordaremos em especial a ocitocina.
  A ocitocina é um hormônio secretado pelo hipotálamo e que se armazena na neuroipófise. Tradicionalmente, esse hormônio era associado a ações mecânicas, tais como a contração da musculatura lisa do útero para nascimento do bebê e expulsão da placenta, a contração das células especiais no seio para viabilizar o reflexo de ejeção do leite e alguns outros efeitos não relacionados diretamente com o bebê ou com o parto em si. Porém, recentemente foi possível atribuir efeitos comportamentais à ocitocina, mesmo que ela não atinja o cérebro quando administrada por via intravenosa. A ocitocina relaciona-se diretamente com a criação do vínculo entre mãe e bebê. 
  Muito se tem discutido sobre o uso de ocitocina sintética para induzir ou acelerar o trabalho de parto. Isso, pois ao ser ministrada ocitocina sintética a uma mulher durante o trabalho de parto, o número de receptores de ocitocina no útero é reduzido pelo corpo para prevenir uma estimulação em excesso. Dessa forma, mulher tem maiores riscos de hemorragia pós-parto, pois sua própria liberação de ocitocina, crítica nesse momento para contrair o útero e prevenir a hemorragia, será inútil devido ao baixo número de receptores. A ocitocina materna atravessa a placenta e entra no cérebro do bebê durante o trabalho, agindo para proteger as células cerebrais fetais “desligando-as”, e diminuindo o consumo de oxigênio em um momento em que os níveis de oxigênio disponíveis para o feto são naturalmente baixos. A ocitocina sintética, porém, não tem a capacidade de atravessar a parede placentária, e não atingirá o organismo do bebê. Outro efeito da ocitocina sintética é que as contrações produzidas por ela podem acontecer muito próximas umas das outras, impedindo que o bebê se recupere da pressão sofrida pelo útero. Em condições normais, o cérebro da mãe libera a ocitocina por meio de pulsações, e como os dois organismos – mãe e bebê - estão em comunicação durante o trabalho de parto por meio do fluxo sanguíneo comum, o cérebro conseguirá “ler” o nível de catecolaminas liberada na corrente sanguinea pelo bebê, regulando a intensidade e o ritmo das contrações de acordo com o nível de estresse vivido pelo bebê e pela mãe.

  Os níveis de todos os hormônios presentes no momento do parto são regulados de acordo com o andamento do trabalho e do estado físico em que se encontra a mãe e o bebê. A alteração de um só elemento desestrutura toda essa delicada rede, cujas conseqüências se estendem para o pós-parto, o aleitamento e a relação emocional entre mãe e filho. 
  Para que o trabalho e o parto aconteçam de forma ideal, algumas medidas simples podem ser tomadas, que permitem que o sistema límbico (parte primitiva do cérebro, comum a todos os mamíferos) faça o trabalho de produção dos hormônios necessários ao parto e ao imprinting no cérebro da mãe e do bebê. O neo-cortex humano - a parte mais racional e moderna do cérebro, que quando em ação impede o perfeito funcionamento dos comandos do sistema límbico, que comanda as funções fisiológicas previstas para o parto - é estimulado por luzes fortes, pela construção de um raciocínio por meio da linguagem, pelo frio (libera adrenalina), e pela sensação de estar em risco. Evitar todos esses fatores é a condição básica para que o parto seja facilitado, e que o corpo coloque em ação o modelo fisiológico previsto para um parto seguro e prazeroso.
Fontes: 
http://guiadobebe.uol.com.br/sistema-hormonal-do-parto/
http://pt.slideshare.net/Alaya7/hormnios-do-parto

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Convulsões e seus Marcadores

  Convulsão é um distúrbio que se caracteriza pela contratura muscular involuntária de todo o corpo ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da atividade elétrica em determinadas áreas cerebrais. Emoções intensas, exercícios vigorosos, determinados ruídos, músicas, odores ou luzes fortes podem funcionar como gatilhos das crises. Outras condições – febre alta, falta de sono, menstruação e estresse – também podem facilitar a instalação de convulsões, mas não são consideradas gatilhos.
  A maioria das convulsões ocorre em epilépticos e neles são crises periódicas, crônicas e repetitivas. Há outras, eventuais, devido a fatores simples ou graves como febre, traumatismos, hipoxia cerebral, tumores, intoxicações, infecções ou infestações, medicamentos, alterações metabólicas, etc. As convulsões febris acontecem normalmente em 2 a 5% das crianças entre 3 meses e cinco anos de idade, à raiz de elevações bruscas e intensas da temperatura. Apesar de ser um quadro muito dramático essas convulsões em geral são benignas e tendem a desaparecer depois daquela idade.
  Alguns sintomas e fatos caracterizam esses episódios convulsivos, tais quais perda brusca ou muito rápida da consciência (algumas vezes essa perda é súbita; outras vezes ela é antecedida por breves sinais, chamados “auras”, que avisam sua aproximação. A recuperação da consciência se dá gradualmente, dentro de alguns minutos.); língua torna-se flácida e que pode cair para trás, impedindo a passagem do ar; completa amnésia do ocorrido, o paciente não se recorda da convulsão; atrito dos dentes, com possibilidade de quebra dos mesmos. Possibilidade de mordedura e até seccionamento da língua em virtude de potentes contrações dos maxilares; Dor de cabeça e sensação de fadiga ao despertar; emissão de um grito agudo no momento do desmaio, resultante da eliminação do ar retido nos pulmões; Eliminação involuntária de urina; Incapacidade de deglutir saliva, com acumulação da mesma na boca e eliminação dela sob a forma de “baba”. Se houver ferimento da língua, a saliva eliminada pode estar sanguinolenta, entre outros. 
  Ocorre, porém, que 20-30% dos pacientes em que se diagnostica uma crise convulsiva tem o diagnóstico errôneo.  O diagnóstico de uma convulsão pode ser feito, além de através da observação dos sintomas, a partir da medida de marcadores temporais da convulsão. Na postagem de hoje, os marcadores abordados serão a enzima CPK e da enzima prolactina. 
  A CPK ou creatinoquinase é encontrada em altas concentrações nos músculos cardíaco, esquéletico e no cérebro. Os valores de CPTK se elevam em presença de lesões musculares como infarto do miocárdio, doença muscular (miopatias, polimiosite), politraumatismo, exercício físico intenso, convulsões, hipotireoidismo. Os valores de referência são 10 a 170 nas mulheres e 10 a 195 nos homens. Para a medição dessa enzima, necessita-se um jejum de 4 horas. Pessoas com maior massa muscular ou que praticam exercícios físicos pesados por longos períodos possuem níveis maiores de CPK do que aquelas que não têm esse hábito. Afro-americanos podem ter níveis de CPK mais elevados do que as demais etnias. Dano muscular por uma lesão também pode causar um nível elevado de CPK, assim como vários remédios, incluindo as estatinas utilizadas para tratar colesterolemia. Uma gestação na fase inicial pode implicar um nível menor de CPK.
  Já a prolactina é um hormônio secretado pela adenoipófise e tem como principal função estimular a produção de leite pelas glândulas mamárias e o aumento das mamas. O aumento de produção da prolactina provoca a hiperprolactinemia, causando nas mulheres alteração menstrual e infertilidade. No homem, gera impotência sexual por prejudicar a produção de testosterona e também o aumento das mamas (ginecomastia). A causa mais comum de hiperprolactinemia (aumento do nível sérico da prolactina fora da gravidez) é uso de medicamentos, em especial os anticoncepcionais orais combinados e as drogas antipsicóticas do grupo dos antagonistas da dopamina. Mas também é possível observar uma elevação passageira nos níveis de prolactina após uma crise convulsiva. 

  Na figura abaixo, estão elencados os principais procedimentos emergenciais em caso de crises convulsivas





Fontes: 
http://drauziovarella.com.br/letras/c/convulsao-2/
http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/250945/convulsoes+o+que+sao+e+quais+os+primeiros+socorros+a+serem+prestados.htm
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5866/manejo_do_paciente_com_primeira_crise_convulsiva.htm
http://www.ehow.com.br/niveis-anormais-creatinofosfoquinase-sobre_5874/

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Marcadores Temporais da Ovulação

   Na postagem de hoje, falaremos sobre o processo de ovulação, amplamente influenciado por marcadores temporais, pois considera-se como marcador temporal qualquer hormônio que varie com o tempo e que possa ser medido. Na ovulação, há variação de diversos hormônios no decorrer do ciclo. Vamos analisá-lo a seguir. 
   O ciclo menstrual ou ciclo reprodutor é um processo pelo qual o corpo da mulher se prepara para uma possível gravidez. Ele é, simplesmente, um processo que ocorre em decorrência da secreção de quatro hormônios principais: estrógeno e progesterona, secretados pelos ovários, hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante (FSH), secretados pela hipófise. 
   A menina começa a produzir os hormônios sexuais femininos, estrógeno e progesterona, durante a puberdade. O estrógeno é sintetizado nas células do folículo ovariano em desenvolvimento. Tem como consequência o surgimento das características sexuais secundárias femininas, tais aparecimento das mamas, alargamento dos quadris, pêlos, etc. Além disso, ele também induz o amadurecimento dos órgãos genitais. O outro hormônio sexual feminino sintetizado, principalmente pelo corpo lúteo, é a progesterona. Ela estimula o desenvolvimento dos vasos sanguíneos e das glândulas do endométrio, tornando-o espesso e preparando o útero para receber o embrião.
  Quando a menina começa a produzir esses hormônios sexuais, ovulará uma vez por mês, dando início ao seu ciclo menstrual, que ocorrerá a cada 28 dias, na maior parte dos casos. O ovário, no momento da ovulação, joga um ovócito secundário, ao mesmo tempo em que o útero se prepara para receber o embrião. Caso ocorra a fecundação do ovócito secundário, o embrião se implantará no útero e se desenvolverá, caso contrário, ele se degenera e é eliminado juntamente com a parede interna do útero, em um processo chamado de menstruação. Todos esses processos que ocorrem tanto no útero quanto no ovário são controlados pelos hormônios FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante). A menstruação ocorre quando as taxas de todos os hormônios ficam muito baixas no sangue da mulher, e marca o início de um ciclo menstrual.
  No início de cada ciclo, quando acontece a menstruação, a hipófise libera quantidades reduzidas de FSH e LH. Esses dois hormônios induzirão o crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos. Tal crescimento induz a elevação da síntese de estrógeno. Este estrógeno, então, é secretado em uma taxa crescente. O aumento de estrógeno estimula a proliferação endometrial. O estrógeno atinge seu ápice aproximadamente na metade do ciclo menstrual, como veremos no gráfico abaixo:
 
  A elevada concentração de estrógeno, primeiramente reduz a produção de LH e FSH. Porém, em seguida, provoca uma elevação repentina, o chamado surto pré-ovulatório, desses dois hormônios, o que estimulará a ovulação. Quando a ovulação passa, os elementos restantes do folículo rompido formam o corpo lúteo, que secreta estrogênio e progesterona, com a finalidade de manter uma eventual gravidez.
  Se a fecundação não ocorrer, os níveis de progesterona e estrogênio cairão, o que reduzirá, também, a síntese de LH e FSH, levando a uma regressão do corpo lúteo. Isso, por sua vez, reduzirá a produção de progesterona e estrogênio e levará à descamação do endométrio, ocorrendo, assim, uma nova menstruação e iniciando um novo ciclo.
  
  Porém, quando, durante o ciclo menstrual, ocorre a fecundação , o embrião atinge o útero e a placenta secreta um hormônio chamado de hCG – Human chorionic gonadotropin – que impede a degeneração do corpo lúteo. Este tem a função de manter a produção de progesterona e estrógeno, hormônios críticos para a manutenção da gestação. A produção ovariana destes hormônios inibibe a produção hipofisária de LH e FSH, impedindo o estímulo de novos folículos ovarianos e, conseqüentemente, a ovulação durante todo o período da gestação. Há assim um bloqueio do ciclo menstrual. No final da gravidez o corpo lúteo se desintegra, diminui a quantidade de progesterona, provocando a contração do útero que facilita a expulsão do feto durante o parto. Após o parto um novo ciclo menstrual se inicia.
  Com o exposto, é possível perceber que o ciclo menstrual é controlado por hormônios. Como esses hormônios sofrem variações de acordo com a sucessão dos processos e com o tempo, podem ser considerados marcadores temporais. 

Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302001000100018&script=sci_arttext
http://www.ufrgs.br/espmat/disciplinas/midias_digitais_II/modulo_II/fisiologia2.htm
http://www.brasilescola.com/biologia/fisiologia-feminino.htm

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Infarto do Miocárdio: Fatores de Risco e Novos Marcadores

  Na postagem de hoje, continuaremos nosso diálogo sobre o infarto do miocárdio, ressaltando os fatores de risco e, claro, outros marcadores temporais relacionados com essa condição.
  Entre os fatores principais facilitadores do Infarto do Miocárdio, destacam-se a hipercolesterolemia, o tabagismo, a hipertensão arterial, a obesidade e o histórico familiar.
  A hipercolesterolemia é uma condição evidenciada pelas altas taxas de colesterol no sangue, ultrapassando os 200 mg/dL, que acomete 20% da população brasileira. Ocorre que esse colesterol em excesso é transportado por lipoproteínas, em especial LDL e HDL. A LDL é a lipoproteína de baixa densidade, que transporta o colesterol para a circulação e, consequentemente, possibilita que ele se deposite nos vasos, é a aterosclerose. Essas placas de gordura obstruem parte dos vasos, dificultando a passagem do fluxo sanguíneo. Quando a obstrução está muito grave, a quantidade de sangue que chega ao miocárdio passa a ser suficiente apenas em situações de repouso do paciete. Quando o coração acelerar, esse sangue será insuficiente. Neste momento, ocorre uma angina de peito, que é a dor decorrente da isquemia do músculo cardíaco.


  Quanto ao tabagismo, é possível ressaltar que a nicotina, contida no cigarro, além de causar dependência, eleva o ritmo cardíaco e a pressão arterial, o que aumenta os riscos de um infarto do miocárdio. A hipertensão arterial é também um fator de risco, com claras implicações diagnósticas e terapêuticas, gerando a piora no prognóstico a longo e a curto prazo. A relação do infarto do miocárdio com a obesidade é clara: geralmente os obesos apresentam problemas de hipercolesterolemia, o que favorece a formação de placas de gordura, que levarão ao infarto. 






  Agora, voltaremos a falar sobre os marcadores temporais do infarto do miocárdio. As enzimas a serem tratadas hoje são a CK (creatina cinase) e a CK-MB (creatina cinase do músculo cardíaco). Essas enzimas são liberadas na corrente sanguínea logo que o suprimento sanguíneo é bloqueado. Assim, elas são identificáveis e dosáveis na corrente sanguínea, permitindo a verificação de seu aumento, cerca de 6 horas após o infarto.
  A CK catalisa a refosforilação de ADP, transformando-o em ATP novamente, logo que o músculo cardíaco se contrai e há consumo desse ATP. Essa enzima é mais ativa nos músculos estriados, no cérebro e no músculo cardíaco. A creatina cinase possui, ainda, subunidades, que são a CK-BB, CK-MB (predomina no coração) e a CK-MM (está presente no miocárdio, mas em menor quantidade que a CK-MB).
  Tão logo ocorre o infarto, é possível observar um aumento da atividade da CK no soro. Porém, a atividade da CK no soro é pouco estável, fazendo com que essa enzima seja rapidamente perdida no armazenamento. A atividade elevada por persistir por até 8 horas após o infarto. As amostras a serem analisadas devem ser guardadas no escuro e em tubos fechados, já que essa enzima é inativada na presença de luz e por perda de CO2. No início dos sintomas do infarto, a CK ainda se encontra normal, logo, servirá como valor basal para acompanhar a evolução do Infarto do Miocárdio, já que sua atividade variará de acordo com o avanço do processo, caracterizando a sua ação de marcador temporal. 
  A  alteração esperada da CK-MB durante a curva de dosagens seriadas é imprescindível no diagnóstico do infarto. A elevação inicial ocorre entre 3 a 8 horas após o início dos sintomas,  alcança seu máximo entre 12 a 24 horas e volta ao normal entre 48 a 72 horas. Os valores encontrados na dosagem da CK-MB têm relação com as dimensões da área infartada. Porém, mesmo que seja muito sensível, essa dosagem não consegue detectar pequenas áreas de necrose. Por isso é importante a consulta de curvas evolutivas de mais de um marcador bioquímico para auxiliar o diagnóstico e o acompanhamento de possíveis complicações, tais como o reinfarto.  
  Valores que indicariam a ocorrência de um infarto: 
CK Total: Homem: atividade da enzima > 195 U/L
                Mulher: atividade da enzima > 170 U/L
CK-MB: No IAM a CK-MB se encontra entre 6% e 25% acima da atividade da CK Total, podendo aumentar até 30%



Fontes: 
http://www.scielo.br/pdf/abc/v71n5/a05v71n5.pdf
http://drauziovarella.com.br/entrevistas-2/infarto-do-miocardio-fatores-de-risco/
http://www.abc.com.py/articulos/el-infarto-de-miocardio-y-la-hipercolesterolemia-930507.html
http://www.fleury.com.br/revista/dicionarios/doencas/pages/hipercolesterolemia.aspx
http://www.mdsaude.com/2010/11/infarto-miocardio-causas-tratamento.html
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgONAAJ/marcadores-bioquimicos-infarto-agudo-miocardio-glicogenose-analise-bioquimica-filme-oleo-lorenzo

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O Infarto do Miocário e seus Marcadores



   No post de hoje, iniciaremos nosso diálogo sobre os marcadores temporais de um infarto do miocárdio, que são diversos.
   Miocárdio é o músculo cardíaco. O infarto desse músculo deccore do bloqueio de uma artéria coronária por um coágulo de sangue sobre a placa de gordura(a chamada aterosclerose) que estava em sua parede. Isso impede que uma quantidade satisfatória de sangue chegue a determinada região do músculo cardiáco. Esta área do miocárdio que perde o suprimento sanguíneo, então, sofre processos de morte celular e necrose. Isso leva a riscos de insuficiência cardíaca, que gera limitações físicas até a recuperação, ou até a morte súbita. 

   Esse problema clínico apresenta manifestações bem definidas, como sensação de queimação que lembra a azia, palpitações prolongadas(arritmias), dor peitoral irradiada para a mandíbula e para os ombros e braços, geralmente do lado esquerdo do corpo. Pode haver, ainda,ansiedade, agitação, suor excessivo, vômitos, desfalecimento e tontura. Vale ainda ressaltar que os diabéticos apresentam menos sintomas ou nada sentem ao infartar.
   O diagnóstico é feito pela observação do histórico de doenças do paciente e de sua família e dos sintomas, além da análise dos resultados de exames solicitados para comprovar o infarto do miocárdio, que são, geralmente, o Eletrocardiograma (ECG), a Angiografia coronariana e a dosagem de enzimas cardíacas, que são justamente os marcadores temporais que discutiremos a seguir. 
Angiografia Coronária


   Quando as células do músculo cardíaco são afetadas pelo infarto, há liberação de um enorme número de enzimas cardíacas na circulação sanguínea. Por isso, essas enzimas podem ser classificadas como marcadores bioquímicos temporais, e é possível diagnosticar um infarto a partir da medida da dosagem dessas enzimas. As enzimas mais pesquisadas são CK-Total, CK-MB,TGO e LDH. Pesquisa-se também os componentes Troponina e Mioglobina.
   A LDH é uma enzima que catalisa a conversão do lactato a piruvato e existente no citoplasma de todas as células humanas. Ocorre que os níveis da enzima LDH nos tecidos são aproximadamente 500 vezes maiores do que os normalmente observados no soro. Logo, mesmo uma pequena lesão celular dos tecidos pode levar a aumentos significativos da LDH no soro. No músculo cardíaco, nos rins e nas hemácias predominam as subunidades da enzima: LDH 1 e LDH 2. O infarto no miovárdio mostra-se geralmente associado a elevações de 3-4 vezes da LDH total no soro, mas os valores podem ser de até 10 vezes o limite de referência. A LDH 1 tem sua concentração aumentada de 8 a 12 horas após o início dos sintomas do infarto, com auge entre 24 e 48 h e normalização entre 7 e 12 dias. A LDH é amplamente utilizada no diagnóstico do infarto do miocárdio por conta da sua prolongada presença no soro.  A LDH é uma enzima que catalisa a conversão do lactato a piruvato. Porém, como a LDH e suas isoenzimas estão presentes em todos os tecidos, seu aumento não é específico da lesão do miocárdio. Logo, na suspeita de infarto do miocárdio, torna-se necessária a análise de outros fatores que comprovem o infarto, como os sintomas do paciente ou até mesmo outros exames.  
   Já a transaminase glutâmico oxalacética (TGO), também chamada de aspartato aminotransferase (AST) é uma enzima responsável pela catálise da conversão da porção nitrogenada de um aminoácido para um resíduo de aminoácido. Essa enzima é indispensável para a produção de energia durante o ciclo de Krebs, e é encontrada no citoplasma e nas mitocôndrias de células, principalmente, do pâncreas, músculos esqueléticos, rins, coração e fígado. No infarto agudo do miocárdio o aumento do TGO está ligado à necrose de células miocárdicas. A elevação é geralmente moderada, raramente chegando a atingir 10 vezes o limite superior normal. O aumento da TGO fica evidente entre a sexta e a décima segunda horas após o episódio de dor, atinge seu pico entre 24 a 48 horas, e o seu retorno ao normal acontece entre o quarto e o sétimo dia após o episódio de dor.
 

Fontes:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgONAAJ/marcadores-bioquimicos-infarto-agudo-miocardio-glicogenose-analise-bioquimica-filme-oleo-lorenzo 
http://www.unifesp.br/denf/NIEn/CARDIOSITE/blood.htm 
http://www.sergiofranco.com.br/bioinforme/index.asp?cs=Bioquimica&ps=desidrogenaseLactica