quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O Infarto do Miocário e seus Marcadores



   No post de hoje, iniciaremos nosso diálogo sobre os marcadores temporais de um infarto do miocárdio, que são diversos.
   Miocárdio é o músculo cardíaco. O infarto desse músculo deccore do bloqueio de uma artéria coronária por um coágulo de sangue sobre a placa de gordura(a chamada aterosclerose) que estava em sua parede. Isso impede que uma quantidade satisfatória de sangue chegue a determinada região do músculo cardiáco. Esta área do miocárdio que perde o suprimento sanguíneo, então, sofre processos de morte celular e necrose. Isso leva a riscos de insuficiência cardíaca, que gera limitações físicas até a recuperação, ou até a morte súbita. 

   Esse problema clínico apresenta manifestações bem definidas, como sensação de queimação que lembra a azia, palpitações prolongadas(arritmias), dor peitoral irradiada para a mandíbula e para os ombros e braços, geralmente do lado esquerdo do corpo. Pode haver, ainda,ansiedade, agitação, suor excessivo, vômitos, desfalecimento e tontura. Vale ainda ressaltar que os diabéticos apresentam menos sintomas ou nada sentem ao infartar.
   O diagnóstico é feito pela observação do histórico de doenças do paciente e de sua família e dos sintomas, além da análise dos resultados de exames solicitados para comprovar o infarto do miocárdio, que são, geralmente, o Eletrocardiograma (ECG), a Angiografia coronariana e a dosagem de enzimas cardíacas, que são justamente os marcadores temporais que discutiremos a seguir. 
Angiografia Coronária


   Quando as células do músculo cardíaco são afetadas pelo infarto, há liberação de um enorme número de enzimas cardíacas na circulação sanguínea. Por isso, essas enzimas podem ser classificadas como marcadores bioquímicos temporais, e é possível diagnosticar um infarto a partir da medida da dosagem dessas enzimas. As enzimas mais pesquisadas são CK-Total, CK-MB,TGO e LDH. Pesquisa-se também os componentes Troponina e Mioglobina.
   A LDH é uma enzima que catalisa a conversão do lactato a piruvato e existente no citoplasma de todas as células humanas. Ocorre que os níveis da enzima LDH nos tecidos são aproximadamente 500 vezes maiores do que os normalmente observados no soro. Logo, mesmo uma pequena lesão celular dos tecidos pode levar a aumentos significativos da LDH no soro. No músculo cardíaco, nos rins e nas hemácias predominam as subunidades da enzima: LDH 1 e LDH 2. O infarto no miovárdio mostra-se geralmente associado a elevações de 3-4 vezes da LDH total no soro, mas os valores podem ser de até 10 vezes o limite de referência. A LDH 1 tem sua concentração aumentada de 8 a 12 horas após o início dos sintomas do infarto, com auge entre 24 e 48 h e normalização entre 7 e 12 dias. A LDH é amplamente utilizada no diagnóstico do infarto do miocárdio por conta da sua prolongada presença no soro.  A LDH é uma enzima que catalisa a conversão do lactato a piruvato. Porém, como a LDH e suas isoenzimas estão presentes em todos os tecidos, seu aumento não é específico da lesão do miocárdio. Logo, na suspeita de infarto do miocárdio, torna-se necessária a análise de outros fatores que comprovem o infarto, como os sintomas do paciente ou até mesmo outros exames.  
   Já a transaminase glutâmico oxalacética (TGO), também chamada de aspartato aminotransferase (AST) é uma enzima responsável pela catálise da conversão da porção nitrogenada de um aminoácido para um resíduo de aminoácido. Essa enzima é indispensável para a produção de energia durante o ciclo de Krebs, e é encontrada no citoplasma e nas mitocôndrias de células, principalmente, do pâncreas, músculos esqueléticos, rins, coração e fígado. No infarto agudo do miocárdio o aumento do TGO está ligado à necrose de células miocárdicas. A elevação é geralmente moderada, raramente chegando a atingir 10 vezes o limite superior normal. O aumento da TGO fica evidente entre a sexta e a décima segunda horas após o episódio de dor, atinge seu pico entre 24 a 48 horas, e o seu retorno ao normal acontece entre o quarto e o sétimo dia após o episódio de dor.
 

Fontes:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgONAAJ/marcadores-bioquimicos-infarto-agudo-miocardio-glicogenose-analise-bioquimica-filme-oleo-lorenzo 
http://www.unifesp.br/denf/NIEn/CARDIOSITE/blood.htm 
http://www.sergiofranco.com.br/bioinforme/index.asp?cs=Bioquimica&ps=desidrogenaseLactica


9 comentários:

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  2. Importante ressaltar que o infarto do miocárdio pode cursar com um eletrocardiograma normal ou inespecífico (sem alterações sugestivas da doença) , no entanto, a elevação das enzimas cardíacas é obrigatória para esse diagnóstico. As enzimas cardíacas, também chamadas de marcadores de necrose miocárdica (sinalizam a morte de células do músculo cardíaco ), são elementos indispensáveis para o diagnóstico definitivo do infarto do miocárdio, também chamado de infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco). Aqui vão algumas curiosidades sobre as enzimas supracitadas: CREATINOFOSFOQUINASE (CPK) - É a chamada CPK-MB massa .Esta enzima eleva-se no sangue entre 3 e 6 horas após o início dos sintomas de infarto do miocárdio, com um pico de elevação entre 16 e 24 horas, normalizando-se entre 48 e 72 horas.Essa normalização costuma ser um dos critérios para alta do paciente da unidade de terapia intensiva. A CPK-MB massa apresenta sensibilidade diagnóstica (capacidade de identificar o infarto do miocárdio) de 50% em três horas após o início dos sintomas e de 80% cerca de 6 horas após; MIOGLOBINA - É uma enzima cardíaca cujos valores de referência variam com a idade, sexo e raça. Esta enzima é liberada rapidamente pelo miocárdio lesado, começando a elevar-se entre 1 e 2 horas após o início dos sintomas de infarto do miocárdio, com um pico de elevação entre 6 e 9 horas e normalização entre 12 e 24 horas. Embora pouco específica pelo seu elevado valor preditivo negativo (o qual varia de 83% a 98% ), é excelente para afastar o diagnóstico de infarto do miocárdio .A sua elevação não confirma o diagnóstico de infarto do miocárdio, mas quando o seu valor é normal, praticamente afasta o diagnóstico da doença; TROPONINAS - São enzimas que estão presentes no sangue sob três formas de apresentação ( troponina C ou TnC, a troponina I ou TnI e a troponina T ou TnT). Estas enzimas se elevam-se entre 4 e 8 horas após o início dos sintomas, com pico de elevação entre 36 e 72 horas e normalização entre 5 e 14 dias. Apresentam a mesma sensibilidade diagnóstica da CK-MB entre 12 e 48 horas após o início dos sintomas do infarto do miocárdio, mas na presença de portadores de doenças que diminuem a especificidade da enzima CPK-MB , elas são indispensáveis. Embora consideradas específicas para o miocárdio, resultados falso positivos das troponinas, ou seja, que não são causados pelo infarto do miocárdio ou outras doenças que afetem o musculo cardáiaco, foram observados por causa da presença de fibrina no soro ou por uma reação cruzada com anticorpos humanos.

    http://portaldocoracao.uol.com.br/exames/enzimas-cardiacas-exames-laboratoriais

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  3. CK-Total é uma enzima citoplasmática e mitocondrial que catalisa a fosforilação reversível da creatinina, com produção de Trifosfato de Adenosina (ATP). Como está presente nas células dos músculos (esqueléticos e cardíacos) envolve a catálise da energia necessária ao trabalho mecânico das mesmas. O método da creatina quinase é uma modificação da determinação enzimática UV descrita por Oliver e Rosalki e apresentada como um procedimento geral por Tietz. As leituras da creatina quinase são utilizadas no diagnóstico e tratamento de infartos do miocárdio e de doenças musculares. A creatina quinase pode também estar elevada no seguimento de lesões musculares ou de exercício físico extenuante.
    Referência: http://www.medcorp.com.br/medcorp/upload/textos/marcadores_CKTotal.html

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  4. É importante deixar claro que a importância desses marcadores é busca por um diagnóstico rápido de infarto, já que cada minuto é importante para a saúde do paciente. Mas, é necessário observar que muitos marcadores citados no texto também possuem quantidades parecidas em outras patologias. Por exemplo, a TGO está bastante alta quando ocorre necrose em algum local do corpo, como no miocárdio (citado no post), mas seu valor elevado é bastante comum nas doenças do fígado, decorrentes de abudo de alccol, ou drogas como o paracetamol, além de patologias autoimunes. Cabe, assim, o profissional de saúde fazer uma bom exame clínico, afim de diferenciar as patologias e dar um diagnóstico correto ao paciente.
    Fonte: http://medicoresponde.com.br/o-que-pode-significar-nivel-alto-ou-baixo-de-tgo-e-tgp/

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  5. É interessante também o conceito apresentado de dor referida. As fibras nervosas sensoriais do coração levam sinais de dor até T1-T4 (vértebras torácicas) do lado esquerdo, o mesmo nível onde se encontram as fibras que suprem o lado esquerdo do peito e do braço. Não acostumado a receber sinais fortes do coração, o cérebro interpreta os sinais como se tivessem vindo do peito e do braço ou de outros locais supridos pelos mesmos nervos.
    fonte: http://www.mundosemdor.com.br/dor-referida-anatomia-e-mecanismo/

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  6. Interessante que, assim como foi falada no estudo dos marcadores temporais do infarto do miocárdio, a CKMB também pode ser utilizada nessa finalidade. A isoenzima MB da creatina quinase (CKMB) encontra-se principalmente no tecido cardíaco, apresentando concentrações substancialmente inferiores no músculo esquelético. Sendo que níveis de CKMB se elevam num período de 4 a 8 horas após o início da dor, atingem um pico num período de 12 a 24 horas e, em seguida, caem para níveis normais após 48 horas. No entanto, o fato de encontrar-se tanto em tecido cardíaco quanto em tecido esquelético dificulta o uso da CKMB nos testes
    Fonte:http://www.medcorp.com.br/medcorp/upload/textos/marcadores_CKMB.html

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  7. É importante observar que em alguns casos, a exemplo da aterioesclerose, em indivíduos normais geralmente o infarto ocorre de forma lenta e com avisos através da angina, por exemplo. Por isso, mesmo antes do infarto do miocárdio, nesses casos, já existem marcadores na circulação capazes de prever que o paciente está prestes a ter a parada cardíaca. Um descoberto recentemente é a célula endotelial que não é encontrada rotineiramente na circulação, mas em lesões de vasos do coração, por exemplo, aumentam sua presença no plasma, funcionando como um biomarcador que antecede o infarto.

    Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2012/03/23/interna_tecnologia,285010/tecnica-preve-infarto-duas-semanas-antes.shtml

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  8. É importante, também, mostrar como ocorre a liberação desses marcadores.A principal conseqüência bioquímica inicial da isquemia do miocárdio consiste na cessação de glicólise aeróbica e consequentemente no estabelecimento da glicólise anaeróbica dentro de poucos segundos. Isso acarreta numa produção inadequada de fosfatos de alta energia (p. ex., creatina-fosfato e trifosfato de adenosina [ATP]) e ao acúmulo de ácido láctico, o que resulta na diminuição do pH celular e alterações metabólicas importantes. Sem energia para a manutenção da sua atividade metabólica normal e integridade da membrana celular a célula morre por necrose, liberando suas macromoléculas na circulação.

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  9. Como dito na postagem, durante o processo do infarto do miocárdio são liberados marcadores no corpo, principalmente enzimas que deflagram toda a ocorrência. A insuficiência circulatória aguda, dessa forma, provoca alterações celulares que podem variar desde discretas perdas de algumas propriedades da membrana até a morte celular. Em decorrência destas modificações, algumas substâncias intracelulares ganham o espaço intersticial e a circulação sanguínea, resultando em aumento transitório dos níveis circulantes. Estas substâncias incluem a aspartato aminotranferase, a mioglobina, a creatina quinase, a lactato desidrogsena, as troponinas, entre outras, e têm sido identificadas como marcadores de lesão cardíaca. Os marcadores são a expressão bioquímica da lesão das fibras cardíacas, mas não indicam a etiologia do processo. Dessa forma, assim que identificado o processo, deve ser pesquisado para se saber de sua origem e poder elaborar tratamento e prognóstico.
    Fonte: http://www.fleury.com.br/medicos/medicina-e-saude/artigos/Pages/marcadores-bioquimicos-de-lesao-cardiaca.aspx

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