terça-feira, 21 de outubro de 2014

Infarto do Miocárdio: Fatores de Risco e Novos Marcadores

  Na postagem de hoje, continuaremos nosso diálogo sobre o infarto do miocárdio, ressaltando os fatores de risco e, claro, outros marcadores temporais relacionados com essa condição.
  Entre os fatores principais facilitadores do Infarto do Miocárdio, destacam-se a hipercolesterolemia, o tabagismo, a hipertensão arterial, a obesidade e o histórico familiar.
  A hipercolesterolemia é uma condição evidenciada pelas altas taxas de colesterol no sangue, ultrapassando os 200 mg/dL, que acomete 20% da população brasileira. Ocorre que esse colesterol em excesso é transportado por lipoproteínas, em especial LDL e HDL. A LDL é a lipoproteína de baixa densidade, que transporta o colesterol para a circulação e, consequentemente, possibilita que ele se deposite nos vasos, é a aterosclerose. Essas placas de gordura obstruem parte dos vasos, dificultando a passagem do fluxo sanguíneo. Quando a obstrução está muito grave, a quantidade de sangue que chega ao miocárdio passa a ser suficiente apenas em situações de repouso do paciete. Quando o coração acelerar, esse sangue será insuficiente. Neste momento, ocorre uma angina de peito, que é a dor decorrente da isquemia do músculo cardíaco.


  Quanto ao tabagismo, é possível ressaltar que a nicotina, contida no cigarro, além de causar dependência, eleva o ritmo cardíaco e a pressão arterial, o que aumenta os riscos de um infarto do miocárdio. A hipertensão arterial é também um fator de risco, com claras implicações diagnósticas e terapêuticas, gerando a piora no prognóstico a longo e a curto prazo. A relação do infarto do miocárdio com a obesidade é clara: geralmente os obesos apresentam problemas de hipercolesterolemia, o que favorece a formação de placas de gordura, que levarão ao infarto. 






  Agora, voltaremos a falar sobre os marcadores temporais do infarto do miocárdio. As enzimas a serem tratadas hoje são a CK (creatina cinase) e a CK-MB (creatina cinase do músculo cardíaco). Essas enzimas são liberadas na corrente sanguínea logo que o suprimento sanguíneo é bloqueado. Assim, elas são identificáveis e dosáveis na corrente sanguínea, permitindo a verificação de seu aumento, cerca de 6 horas após o infarto.
  A CK catalisa a refosforilação de ADP, transformando-o em ATP novamente, logo que o músculo cardíaco se contrai e há consumo desse ATP. Essa enzima é mais ativa nos músculos estriados, no cérebro e no músculo cardíaco. A creatina cinase possui, ainda, subunidades, que são a CK-BB, CK-MB (predomina no coração) e a CK-MM (está presente no miocárdio, mas em menor quantidade que a CK-MB).
  Tão logo ocorre o infarto, é possível observar um aumento da atividade da CK no soro. Porém, a atividade da CK no soro é pouco estável, fazendo com que essa enzima seja rapidamente perdida no armazenamento. A atividade elevada por persistir por até 8 horas após o infarto. As amostras a serem analisadas devem ser guardadas no escuro e em tubos fechados, já que essa enzima é inativada na presença de luz e por perda de CO2. No início dos sintomas do infarto, a CK ainda se encontra normal, logo, servirá como valor basal para acompanhar a evolução do Infarto do Miocárdio, já que sua atividade variará de acordo com o avanço do processo, caracterizando a sua ação de marcador temporal. 
  A  alteração esperada da CK-MB durante a curva de dosagens seriadas é imprescindível no diagnóstico do infarto. A elevação inicial ocorre entre 3 a 8 horas após o início dos sintomas,  alcança seu máximo entre 12 a 24 horas e volta ao normal entre 48 a 72 horas. Os valores encontrados na dosagem da CK-MB têm relação com as dimensões da área infartada. Porém, mesmo que seja muito sensível, essa dosagem não consegue detectar pequenas áreas de necrose. Por isso é importante a consulta de curvas evolutivas de mais de um marcador bioquímico para auxiliar o diagnóstico e o acompanhamento de possíveis complicações, tais como o reinfarto.  
  Valores que indicariam a ocorrência de um infarto: 
CK Total: Homem: atividade da enzima > 195 U/L
                Mulher: atividade da enzima > 170 U/L
CK-MB: No IAM a CK-MB se encontra entre 6% e 25% acima da atividade da CK Total, podendo aumentar até 30%



Fontes: 
http://www.scielo.br/pdf/abc/v71n5/a05v71n5.pdf
http://drauziovarella.com.br/entrevistas-2/infarto-do-miocardio-fatores-de-risco/
http://www.abc.com.py/articulos/el-infarto-de-miocardio-y-la-hipercolesterolemia-930507.html
http://www.fleury.com.br/revista/dicionarios/doencas/pages/hipercolesterolemia.aspx
http://www.mdsaude.com/2010/11/infarto-miocardio-causas-tratamento.html
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgONAAJ/marcadores-bioquimicos-infarto-agudo-miocardio-glicogenose-analise-bioquimica-filme-oleo-lorenzo

10 comentários:

  1. A creatina quinase (CK) é uma enzima que se encontra em pequenas quantidades em todos os tecidos musculares e que intervém no processo de produção de energia a nível muscular. Ela é libertada sempre que o corpo está sujeito a grande stress físico (por exemplo, quando fazemos musculação). A CK funciona como um catalisador, isto é, ela acelera uma reacção bioquímica. A sua principal função nas células é a de adicionar um grupo de fosfato à creatina, tornando-a numa molécula de fosfocreatina. A fosfocreatina é utilizada pelo organismo para fornecer energia às células.
    Durante o processo de degeneração muscular, as células musculares quebram e libertam o seu conteúdo para a corrente sanguínea, incluindo a CK.
    http://logon.prozis.com/pt-pt/o-que-e-a-creatina-quinase-e-qual-o-seu-papel-na-musculacao/

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  2. Uma curiosidade sobre o infarto a que precisamos estar atentos é que: cigarro e contraceptivo elevam em 20 vezes risco de infarto. Estudos apontam que o consumo de 15 cigarros por dia aliado ao uso do anticoncepcional aumenta em 20 vezes o risco de doença cardiovascular. A combinação das substâncias tóxicas presentes no cigarro com o uso da pílula anticoncepcional pode se transformar em uma armadilha perigosa, pois a composição do cigarro altera a parte cardiovascular e, por isso, prejudica o sistema circulatório. A pílula anticoncepcional, por sua vez, também gera modificações nesta região e a junção dos dois resulta numa mistura com sérias consequências para a saúde.
    http://www.bolsademulher.com/corpo/perigo-anticoncepcional-e-cigarro-1

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  3. Como explanado na postagem, o diagnóstico laboratorial do IAM é feito com a dosagem dos marcadores temporais durante certo tempo para comparação com os gráficos específicos de cada um, pois esse diagnóstico pode ser difícil de se concluir só pelas manifestações clínicas e ECG no momento em que o paciente é admitido na sala de emergência. Porém, deve-ser tomar cuidado com essas dosagens, pois a CK, por exemplo, apresenta uma falsa positividade em até 15% dos pacientes durante o curso do IAM, devido as muitas causas de aumento inespecífico de CK.

    Fonte: www.unigran.br/interbio/paginas/ed_anteriores/vol2.../artigo1.pdf

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  4. Esse blog está ficando interessantíssimo. Muito útil. Postagens sobre marcadores ajudam a esclarecer esse assunto pouco difundido

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  5. É preciso citar entre os fatores de risco, um que se mostra cada vez mais ligado a doenças cardiovasculares: a proteína C reativa. Atualmente, acredita-se que o infarto não ocorre pela deposição em si de placas de gordura no sangue, mas de processos inflamatórios que ocorrem nesses locais, já que o corpo interpreta o excesso de placas de gordura como um agente ruim para o corpo e passa a enviar agentes imunológicos para ataca-los. Esse processo ocasiona o surgimento de coágulos e são eles os responsáveis pelo infarto. A proteína C reativa está presente em processos inflamatórios e seu aumento está relacionado diretamente com o infarto. Assim, indivíduos com níveis LDL e proteína C altas tem de 9 a 10 vezes mais risco do que os possuem essas partículas em níveis baixos. As concentrações de proteína C-reativa no sangue são coerentes com os demais fatores de risco para doenças cardiovasculares. Seus níveis se elevam com o fumo, com o aumento de peso, com o diabetes, com a hipertensão arterial e com o passar dos anos. Assim, deve-se colocar nos exames de rotina a verificação dos níveis de proteína C reativa.
    Fonte: http://drauziovarella.com.br/drauzio/proteina-c-reativa/

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  6. Entre as questões citadas na postagem, devemos lembrar que o tabagismo é responsável por 25% das mortes no país causadas por doença coronariana (angina e infarto do miocárdio) e 45% das mortes na faixa etária abaixo de 65 anos por infarto agudo do miocárdio. No mais, devemos lembrar que não somente essas situações podem ser consideradas de risco para o infarto, mas também as pessoas que sofrem de depressão, normalmente por não se cuidarem ou fazerem atividades físicas, aumentando as chances
    Fonte: http://www.brasil.gov.br/saude/2012/04/infarto

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  7. A determinação da creatina quinase total não é mais recomendada para o diagnóstico de infarto do miocárdio, por causa da ampla distribuição nos tecidos, resultando em baixa especificidade. A isoenzima MB é uma opção adequada, especialmente se a dosagem de uma das troponinas não estiver disponível. Esta isoenzima possui elevadas sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de lesão do músculo cardíaco. Em geral, são realizadas três determinações seriadas num período de 9 a 12 horas. Se as três dosagens estiverem dentro dos intervalos de referência, o diagnóstico de infarto pode ser excluído. Preferencialmente, deve-se realizar a dosagem da massa de proteína correspondente à isoenzima (CK-MB massa) e não da atividade enzimática. É importante verificar, assim, que a CK é um importante marcador do processo do infarto do miocárdio. Dessa forma, o desencadeamento da condição pode ser deflagrado sem necessariamente o aparecimento de sintomas secundários, que seriam potencialmente perigosos.
    Fonte: http://www.fleury.com.br/medicos/medicina-e-saude/artigos/Pages/marcadores-bioquimicos-de-lesao-cardiaca.aspx

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  8. Para os pacientes que se apresentam ao serviço de emergência dentro de 6 horas do
    início dos sintomas, um marcador precoce de necrose miocárdica deve ser considerado além
    da troponina. A mioglobina é o marcador mais usado para este propósito.
    A mioglobina aparece primeiro na circulação após o infarto do miocárdio, devido ao
    seu baixo peso molecular, mas ela também está presente no músculo esquelético.
    Estudos clínicos têm mostrado que o uso combinado da mioglobina e um marcador
    mais específico como a troponina ou a CKMB massa pode ser útil para a exclusão precoce de
    IAM (infarto agudo do miocárdio).
    fonte:http://www.labvw.com.br/material_cientifico/marcadores_cardiacos_1007.pdf

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. É importante lembrar que os valores de referência de CK e CK-MB variam com a idade, o sexo e a raça. A probabilidade de ter ocorrido infarto do miocárdio será alta quando:
    1- CK Total: Homem: atividade da enzima > 195 U/LMulher: atividade da enzima > 170 U/L
    2- CK-MB: A atividade da CK-MB pode ser relatada na forma de porcentagem da atividade total da CK. No IAM a CK-MB se encontra entre 6% e 25% acima da atividade da CK Total, podendo aumentar até 30%.

    Referências:
    http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgONAAJ/marcadores-bioquimicos-infarto-agudo-miocardio-glicogenose-analise-bioquimica-filme-oleo-lorenzo

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