terça-feira, 11 de novembro de 2014

O parto e Seus Marcadores

   A vida é formada por uma rede que relaciona todos os seres, fazendo com que um seja dependente do outro para sobreviver. A própria natureza desenvolve mecanismos de auto-regulação. Cada fêmea, por exemplo, já nasce com um sistema reprodutor organizado e adaptado pata gestar e parir. Em um parto "saudável", é o próprio corpo quem se encarrega de produzir analgésicos, como as beta-endorfinas, que amenizam as dores do parto. É também o organismo que produz ocitocina, responsável por prevenir a hemorragia pós-parto. Ou seja, o corpo realiza ações coordenadas sem que exista necessidade de um mecanismo racional para ativar tal comando. Tendo isso em vista, é possível afirmar que, durante o parto, existem diversos hormônios que têm suas concentrações alteradas, funcionando como marcadores bioquímicos temporais.
  Para dar a luz, a mulher libera uma combinação de hormônios, formada por ocitocina, ACTH, catecolaminas, endorfina, prolactina e outros. Como esses hormônios têm sua concentração aumentada durante o trabalho de parto, são classificados como marcadores bioquímicos temporais. Na postagem de hoje, abordaremos em especial a ocitocina.
  A ocitocina é um hormônio secretado pelo hipotálamo e que se armazena na neuroipófise. Tradicionalmente, esse hormônio era associado a ações mecânicas, tais como a contração da musculatura lisa do útero para nascimento do bebê e expulsão da placenta, a contração das células especiais no seio para viabilizar o reflexo de ejeção do leite e alguns outros efeitos não relacionados diretamente com o bebê ou com o parto em si. Porém, recentemente foi possível atribuir efeitos comportamentais à ocitocina, mesmo que ela não atinja o cérebro quando administrada por via intravenosa. A ocitocina relaciona-se diretamente com a criação do vínculo entre mãe e bebê. 
  Muito se tem discutido sobre o uso de ocitocina sintética para induzir ou acelerar o trabalho de parto. Isso, pois ao ser ministrada ocitocina sintética a uma mulher durante o trabalho de parto, o número de receptores de ocitocina no útero é reduzido pelo corpo para prevenir uma estimulação em excesso. Dessa forma, mulher tem maiores riscos de hemorragia pós-parto, pois sua própria liberação de ocitocina, crítica nesse momento para contrair o útero e prevenir a hemorragia, será inútil devido ao baixo número de receptores. A ocitocina materna atravessa a placenta e entra no cérebro do bebê durante o trabalho, agindo para proteger as células cerebrais fetais “desligando-as”, e diminuindo o consumo de oxigênio em um momento em que os níveis de oxigênio disponíveis para o feto são naturalmente baixos. A ocitocina sintética, porém, não tem a capacidade de atravessar a parede placentária, e não atingirá o organismo do bebê. Outro efeito da ocitocina sintética é que as contrações produzidas por ela podem acontecer muito próximas umas das outras, impedindo que o bebê se recupere da pressão sofrida pelo útero. Em condições normais, o cérebro da mãe libera a ocitocina por meio de pulsações, e como os dois organismos – mãe e bebê - estão em comunicação durante o trabalho de parto por meio do fluxo sanguíneo comum, o cérebro conseguirá “ler” o nível de catecolaminas liberada na corrente sanguinea pelo bebê, regulando a intensidade e o ritmo das contrações de acordo com o nível de estresse vivido pelo bebê e pela mãe.

  Os níveis de todos os hormônios presentes no momento do parto são regulados de acordo com o andamento do trabalho e do estado físico em que se encontra a mãe e o bebê. A alteração de um só elemento desestrutura toda essa delicada rede, cujas conseqüências se estendem para o pós-parto, o aleitamento e a relação emocional entre mãe e filho. 
  Para que o trabalho e o parto aconteçam de forma ideal, algumas medidas simples podem ser tomadas, que permitem que o sistema límbico (parte primitiva do cérebro, comum a todos os mamíferos) faça o trabalho de produção dos hormônios necessários ao parto e ao imprinting no cérebro da mãe e do bebê. O neo-cortex humano - a parte mais racional e moderna do cérebro, que quando em ação impede o perfeito funcionamento dos comandos do sistema límbico, que comanda as funções fisiológicas previstas para o parto - é estimulado por luzes fortes, pela construção de um raciocínio por meio da linguagem, pelo frio (libera adrenalina), e pela sensação de estar em risco. Evitar todos esses fatores é a condição básica para que o parto seja facilitado, e que o corpo coloque em ação o modelo fisiológico previsto para um parto seguro e prazeroso.
Fontes: 
http://guiadobebe.uol.com.br/sistema-hormonal-do-parto/
http://pt.slideshare.net/Alaya7/hormnios-do-parto

8 comentários:

  1. O parto depende tanto da secreção de ocitocina quanto da produção das prostaglandinas, porque sem estas, não haverá a adequada dilatação do colo do útero e consequentemente, o parto não irá progredir normalmente. Não são bem conhecidos os fatores desencadeantes do trabalho de parto, mas sabe-se que, quando o hipotálamo do feto alcança certo grau de maturação, estimula a hipófise fetal a liberar ACTH. Agindo sobre a adrenal do feto, esse hormônio aumenta a secreção de cortisol e outros hormônios, que estimulam a placenta a secretar prostaglandinas. Estas promovem contrações da musculatura lisa do útero. Para impedir o parto prematuro existem possíveis fatores inibitórios do trabalho de parto, como a proporção estrógeno/progesterona e o nível de relaxina, hormônio produzido pelo corpo lúteo do ovário e pela placenta. Além disso, como dito na postagem, hormônios antes associados apenas a funções mecânicas, como a ocitocina, estão sendo estudados sob uma nova visão, com caráter mais emocional. Por isso, comumente, a ocitocina é chamada de "hormônio do amor".
    Fonte: http://www.professorinterativo.com.br/diversos/Trab_Inter18/06_parto.htm

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  2. A principal função da Prolactina é estimular a produção do leite materno no período pós-parto. Além disso, durante a gravidez o aumento da Prolactina é importante para o desenvolvimento das mamas, deixando estas preparadas para a produção de leite após o término da gestação. Durante a gestação, não se produz leite materno porque outro hormônio, o Estrogênio, também está em grande quantidade de bloqueia o efeito da Prolactina na produção do leite. Depois do parto, porém, esse Estrogênio diminui e a Prolactina pode desempenhar o seu importante papel na lactação.
    http://medsimples.com/hormonio-prolactina/

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  3. Interessante entendermos algumas desvantagens do hormônio ocitocina sintético. Como todo medicamento, há efeitos colaterais. Pode haver, por exemplo, rotura do útero quando usado durante o trabalho de parto. Por isso é uma medicação que só deve ser utilizada em ambiente hospitalar para gestão do trabalho de parto, sob prescrição e supervisão médica para que a dose e a infusão sejam feitas adequadamente. As contrações causadas pela ocitocina artificial podem ser mais doloridas, mas quando se utiliza, é porque foi feito um diagnóstico de algum problema no andamento do trabalho de parto. E se a mãe optou pelo parto sem analgesia, pode conversar com seu médico, para avaliar a possibilidade da analgesia ou lançar mão de outras técnicas como banho, massagens, que aliviam parcialmente a dor. É preciso entender que a ocitocina é utilizada como um medicamento, e portanto deve ser utilizado apenas quando há necessidade. Existem também situações que contraindicam o seu uso, como a alergia a algum componente da medicação.

    http://www.minhavida.com.br/familia/materias/17193-entenda-como-a-ocitocina-sintetica-e-usada-no-parto-normal

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  4. É interessante também darmos importância para esse contato pele a pele da mãe com o filho logo após o nascimento. Após o nascimento, o recém-nascido passa por uma fase denominada inatividade alerta, com duração média de quarenta minutos, na qual se preconiza a redução de procedimentos de rotina, em recém-nascido de baixo risco. Nesta fase, o contato mãe-filho deve ser proporcionado, por tratar-se de um período de alerta que serve para o reconhecimento das partes, ocorrendo a exploração do corpo da mãe pelo bebê. Em bebes de baixo risco, os procedimentos de rotina devem ser diminuídos para possibilitar esse contato.
    fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672010000600020&script=sci_arttext

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  5. O uso de ocitocina sintética é mais comum do que se imagina. Em algumas maternidades esse uso é indiscriminado, sendo feita a sua administração em quase todas as pacientes que entram em trabalho de parto normal. Desse mesmo modo, em muitos lugares não se dá a devido importancia ao contato pele a pele entre mãe e bebe logo após o nascimento, o que já é comprovadamente benéfico para a criança em vários estudos e já é defendido em todo o mundo como uma etapa do parto humanizado. Outra etapa bastante importante é a da forma como o parto é feito, se é cesária ou natural. Hoje, há uma conconrdancia por parte de muitos profissionais de saúde de que é necessário diminuir a quantidade de cesárias e indicá-la só quando realmente for necessário, pois o parto normal traz inúmeros benefícios para a criança e também para a mãe que não precisa ficar dias em repouso devido ao pós-cirúrgico. Isso tudo cabe na definição de parto humanizado que é tornar o parto o mais natural possível.

    Fonte:
    http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n6/v13n6a07.pdf

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  6. Na questão do parto e da gravidez, em que temos os marcadores temporais citados no texto, um melhor entedimento sobre alguns deles é sempre útil. Entre eles, podemos citar as catecolaminas. As catecolaminas são produzidas na medula suprarrenal, no cérebro e em algumas fibras nervosas simpáticas. São sintetizadas a partir de um aminoácido essencial chamado tirosina. Entre suas principais funções está a isquemia tecidual. Além disso, junto com a progesterona e os corticoesteroides, elas exercem efeito sobre o comportamento introspectivo e sobre as oscilações entre depressão e euforia bastante comuns durante a gestação.
    FOnte: http://denoivaamae.com/dicas-gestantes/aspectos-psicologicos-da-gravidez/

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  7. Deve-se ter em mente que o contato com o filho vai além da gravidez. O contato pele a pele mãe-filho deve iniciar imediatamente após o nascimento, ser contínuo, prolongado e estabelecido entre toda a mãe-filho saudáveis. O contato pele-a-pele acalma o bebê e a mãe que entram em sintonia única proporcionada por esse momento; auxilia na estabilização sanguínea, dos batimentos cardíacos e respiração da criança; reduz o choro e o estresse do recém-nascido com menor perda de energia e mantém o bebê aquecido pela transmissão de calor de sua mãe.

    Referências:
    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672010000600020&script=sci_arttext

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  8. Por isso a importância do parto humanizado em que os níveis de ocitocina são liberados do corpo da mulher de acordo com a evolução do trabalho de parto. Mas, no Brasil exite um culto ao parto cesariano e o pato normal está se tornando anormal e incomum. Sem esquecer que a ocitocina é o hormônio do amor, responsável por criar empatia entre as pessoas. Ela pode ser encontrada em forma de medicamento, na forma líquida ou em spray, para ser utilizado segundo orientação médica, como é o caso do Syntocinon.
    Fonte: http://www.tuasaude.com/ocitocina/

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