terça-feira, 18 de novembro de 2014

Marcadores Tumorais

  Na postagem de hoje, voltaremos a abordar o uso de marcadores temporais no diagnóstico de processos patológicos. Com esse objetivo, falaremos de vários compostos que podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico de tumores, como o alfa feto proteína (AFP), o CA 125 e a calcitonina. 
  Os marcadores tumorais podem ser identificados no sangue, em fluidos corporais e tecidos e na urina. Certos marcadores  associam-se a um tipo específico de câncer, outros podem ser encontrados em vários distintos. Porém, os marcadores tumorais por si só são, geralmente, insuficientes para indicar a presença de um câncer, pois, algumas doenças benignas também podem aumentar os níveis de determinados marcadores tumorais. Por outro lado, nem todas as pessoas com câncer poderão ter níveis aumentados de um marcador tumoral. Dessa forma, vê-se que não é possível fechar um diagnóstico de câncer apenas com base nesses marcadores, eles são apenas um indício a mais da patologia em questão. Para melhor efetuar o diagnóstico, deve-se levar em questão o histórico do paciente, exame físico, exames laboratoriais e de imagem. 
  Quando a pesquisa sobre esses marcadores foram iniciadas, esperava-se que, no futuro, todos os tipos de câncer poderiam ser detectados precocemente com um exame de sangue, que poderia diagnosticar cânceres em estágios iniciais, evitando a morte de milhões de pessoas. Infelizmente, porém, poucos marcadores tumorais podem detectar o câncer em estágio inicial. Isso, pois quase todas as pessoas tem uma pequena quantidade desses marcadores no sangue, por isso é muito difícil detectar cânceres usando esses exames. Além disso, mesmo quando os níveis destes marcadores são altos, isso nem sempre significa presença de câncer. Por exemplo, o nível do marcador tumoral CA 125 pode estar elevado em mulheres com outras condições ginecológicas além do câncer de ovário. Sendo assim, os marcadores tumorais são usados principalmente em pacientes que já foram diagnosticadas com câncer para acompanhar sua resposta ao tratamento ou diagnosticar uma recidiva após o termino do tratamento.
  A Alfafetoproteína (AFP) é produzida no saco vitelínico ou vesícula umbilical, e seu valor normal é considerado abaixo de 15 migrog/L. Uma elevação na concentração de AFP pode indicar tubo neural aberto ou defeito na parede abdominal do feto, gestação múltipla, morte fetal, hemorragias feto-natais. Além disso tudo, A AFP pode ajudar a diagnosticar e orientar o tratamento de câncer de fígado. Os níveis normais de AFP são geralmente menores a 10 ng/ml e encontram-se aumentados na maioria dos pacientes com câncer hepático. A AFP também pode estar elevada na hepatite aguda e crônica, mas raramente acima de 100 ng/mL nestas doenças. A AFP é útil, ainda, no acompanhamento da resposta ao tratamento desse tipo de câncer. Se o tumor for completamente removido cirurgicamente, o nível da AFP deve voltar a valores normais. Se o nível subir, pode significar uma recidiva da doença. A AFP, pode, também, estar aumentada em determinados tumores de células germinativas, como alguns tipos de câncer de testículo, certos tipos raros de câncer de ovário e os tumores de células germinativas que se originam na região torácica.
  O CA 125, já citado na postagem, é indicado na monitoração de pacientes com tumores ovarianos endometriais, endocervicais e de trompa de Falópio. Níveis séricos elevados são encontrados em doenças malígnas, como o câncer de mama e de pulmão e em algumas doenças benignas (pancreatite, peritonite e cirrose hepática). Os níveis sanguíneos normais são normalmente inferiores a 35 U/ml. Mais de 90% das mulheres com câncer de ovário avançado apresentam altos níveis de CA 125. Os níveis desse marcador também podem ser elevados em homens e mulheres com câncer de pulmão, pâncreas, mama, fígado e cólon, e em pessoas que já tiveram câncer.
   Por fim, a calcitonina é  um hormônio produzido pelas células parafoliculares C da glândula tireoide, que normalmente ajuda a regular os níveis de cálcio no sangue. Os valores de calcitonina normais devem estar abaixo 5 a 12 pg/mL. Esse hormônio é o principal marcador do câncer medular de tireóide (MTC). Nessa enfermidade, os níveis sanguíneos deste hormônio são frequentemente superiores a 100 pg/ml. Este é um dos marcadores tumorais raros, que pode ser usado ​​para ajudar a detectar o câncer precocemente. Como o MTC é muitas vezes herdado, a calcitonina no sangue pode ser medida para detectar o câncer em estágio inicial em membros da família que se sabe estar em risco.O aumento da concentração desse hormônio pode, ainda, indicar metástases ou recorrência, além de tumores malígnos do trato digestivo e pancreático.
   Os marcadores tumorais são numerosos e variados. Dessa forma, continuaremos a discutir sobre eles em postagens futuras!


Fontes:
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/marcadores-tumorais/4011/1/
http://www.cerpe.com.br/clientes/artigo/marcadores-tumorais

9 comentários:

  1. No início das pesquisas dos marcadores tumorais, a esperança era de que um dia todos os tipos de câncer poderiam ser detectados precocemente com um exame de sangue. Um simples exame poderia diagnosticar cânceres em estágios iniciais e poderia evitar a morte de milhões de pessoas. Mas poucos marcadores tumorais podem detectar o câncer em estágio inicial. Isso se deve ao fato de que que quase todas as pessoas tem uma pequena quantidade desses marcadores no sangue, os níveis destes marcadores tendem a aumentar quando há doença avançada e alguns pacientes diagnosticados com câncer nunca apresentaram níveis elevados de marcadores tumorais. Mesmo quando os níveis destes marcadores são altos, isso nem sempre significa presença de câncer. Por exemplo, o nível do marcador tumoral CA 125 pode estar elevado em mulheres com outras condições ginecológicas além do câncer de ovário. Estas são as razões por que, hoje, os marcadores tumorais são usados principalmente em pacientes que já foram diagnosticadas com câncer para acompanhar sua resposta ao tratamento ou diagnosticar uma recidiva após o termino do tratamento.
    http://www.oncoguia.org.br/conteudo/as-desvantagens-dos-marcadores-tumorais/4014/683/

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  2. Os marcadores tumorais são bem usados no diagnóstico precoce de vários canceres, porém existe a falta de confiabilidade nos resultados citado na postagem, sendo esse diagnóstico sempre após a realização de outros exames complementares ao de medição dos marcadores. No caso do câncer de mama, a literatura considera alguns marcadores como importantes durante a patologia: receptores de estrogênio e receptores de progesterona; c-erbB-2; catepsina D; MIB-1; PCNA e p53. Assim como em outros canceres, apenas esses marcadores não dão a certeza nem a precisão desejada para o diagnóstico do câncer, mas a presença elevada de um ou de outro com a certeza da doença instalada no paciente dá algumas informações importantes. A expressão aumentada da c-erbB-2 é um indicador de prognóstico ruim do câncer de mama.

    Fonte:http://www.inca.gov.br/rbc/n_47/v04/pdf/artigo1.pdf

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  3. Além dos marcadores citados na postagem, um outro se destaca por ser o de maior utilidade clínica desenvolvida até o momento, o Antígeno Prostático Específico (PSA). Este é secretado no lúmen dos ductos prostáticos, estando presente em grandes concentrações no líquido seminal (aproximadamente 2mg/mL). Aparentemente, teria a função de liquefazer o coágulo seminal. Muitos estudos demonstraram que o PSA é útil para o diagnóstico do câncer de próstata. Em geral, o valor preditivo positivo do PSA é de 20% em pacientes com valores ligeiramente elevados (entre 4,0ng/mL e 10,0ng/mL), e de 60% em pacientes com valores de PSA superiores a 10ng/mL80. A utilização do PSA é otimizada quando combinada ao exame de toque retal. Em estudos que investigaram o uso combinado do PSA e do exame de toque retal, observou-se que 18% dos tumores não teriam sido diagnosticados se o exame de toque retal não tivesse sido realizado, e que 45% dos tumores teriam passado despercebidos se o PSA não tivesse sido feito. Estudos mostraram que o ultra-som transretal pouco acrescenta ao PSA e ao exame de toque retal, quando estes dois são usados conjuntamente para o diagnóstico, devendo ser solicitado somente em caso de
    alteração de um dos dois exames.

    Referências:
    http://www1.inca.gov.br/rbc/n_53/v03/pdf/revisao1.pdf

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  4. Diversas categorias de marcadores têm sido investigadas para o diagnóstico precoce dos tumores ovarianos, entre as quais merecem destaque: as sialomucinas epiteliais; proteases com seus inibidores complementares e produtos de clivagem; citocinas, receptores e reagentes de fase aguda;
    hormônios, fatores promotores e inibidores de crescimento; citoqueratinas; lípides e lipoproteínas; proteínas oncofetais; auto-anticorpos; e mais recentemente os perfis proteômicos. O marcador ideal deve ser produzido por todos o tumores da mesma linhagem e seus níveis devem ser mensuráveis mesmo na presença de pequena quantidade de células. Os níveis séricos devem refletir com precisão a evolução clínica e a regressão da doença, sendo a sua normalização associada à cura. Deve ser sensível e específico, apresentar níveis proporcionais ao tamanho tumoral, ter utilidade no estabelecimento do prognóstico, antecipar a ocorrência de recorrências e permitir a seleção de tratamento. Nenhum dos marcadores estudados até o
    momento apresenta todas estas características. Percebe-se, então, que o estudo dos marcadores temporais é de grande benefício no combate e prevenção do câncer de ovário. Mas também percebe-se que o marcador "perfeito" ainda não foi isolado.
    Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v27n4/a10v27n4

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  5. Expondo com maior abrangência, os marcadores tumorais são aplicados mesmo com limitações no: rastreamento de câncer, diagnóstico, avaliação de prognóstico, predição de resposta terapêutica, estadiamento do tumor, detecção de recorrência do tumor ou remissão, localização de tumor e direcionamento de agentes radioterapêuticos e monitoramento da eficiência da terapia do câncer. Para monitorar a eficiência da terapia do câncer, o valor do marcador deve aumentar com a progressão do tumor, diminuir com sua regressão, e não alterar em presença de doença estável. Definições que são feitas a partir do conhecimento dos marcadores tumorais, tal como, a observação da progressão da doença é tida por um aumento do nível do marcador em pelo menos 25% do que foi observado em amostragens anteriores. O intervalo da amostragem durante a terapia pode depender do tipo de tumor e deve ser relacionada ao acompanhamento clínico.

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    1. Fonte: BURTIS C.A., ASHOOD E.R. Tietz Fundamentos em Química Clínica. 6a ed., Rio de Janeiro, Elsevier, 2008.

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  6. A calcitonina é um hormônio polipeptídico, secretado pelas células parafoliculares encontradas na tireóide, que apresenta como principal efeito a diminuição dos níveis séricos de cálcio e fosfato, devido a sua ação sobre os ossos e rins. Pode-se dizer então que esse hormônio age como um antagonista do paratormônio (PTH), pois impede que o cálcio e o fosfato se elevem acima dos níveis fisiológicos. A secreção desse hormônio é controlada, basicamente, pela concentração de cálcio plasmático, ou seja, o aumento dos níveis deste elemento faz com que os níveis de calcitonina subam e vice-versa. Existem evidências experimentais que sugerem que o calcitriol (forma ativa da vitamina D encontrada no corpo) e o estrogênio, possivelmente atuem na regulação da liberação da calcitonina. Além disso, acredita-se também que esse hormônio desempenhe um papel especial após as refeições, pois, uma vez induzida sua liberação por diversos peptídeos intestinais, aparentemente ocorre uma maior retenção de cálcio nos ossos. Todavia, as principais ações desse hormônio residem na capacidade de inibição do recrutamento e maturação de osteoclastos, diminuindo a ação sobre a reabsorção óssea. A calcitonina age nos rins aumentando a excreção urinária de cálcio, fosfato, magnésio, sódio, potássio e, em certas espécies, cloreto, reduzindo a reabsorção destes elementos, e induz a produção de calcitriol. Válido ressaltar que a calcitonina sintética é utilizada na terapêutica para reduzir a concentração plasmática de cálcio em pacientes com hipercalcemia associada a enfermidades malignas. É eficaz também nos casos de pacientes com hiperparatireoidismo, hipercalcemia idiopática na criança, intoxicação por vitamina D, metástases ósseas, doença de Paget e osteoporose.

    http://www.infoescola.com/hormonios/calcitonina/

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  7. Na questão dos marcadores tumorais, outro ponto interessante é a diversidade de marcadores que podem ser utilizados para estudo. entre eles, temos a Quinase do Linfoma Anaplásico em que alguns cânceres de pulmão têm alterações no gene ALK que induz as células cancerígenas a produzirem uma proteína que provoca o crescimento fora de controle, por isso os tecidos tumorais podem ser estudados para alterações desse gene. Temos também a Beta-2-Microglobulina, na qual os níveis sanguíneos do B2M estão elevados no mieloma múltiplo, leucemia linfóide crônica e alguns linfomas, incluindo Macroglobulinemia de Waldenström. Esses níveis também podem estar elevados em outras condições, como em doenças renais e a hepatite. O B2M é útil no prognóstico a longo prazo em alguns desses tipos de câncer. O B2M também é verificado durante o tratamento do mieloma múltiplo e da Macroglobulinemia de Waldenström para avaliar a resposta terapêutica.
    Fonte: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/marcadores-tumorais-especificos/4015/683/

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  8. Um tipo de marcador tumoral muito conhecido não com essa função, e a enzima telomerase. A telomerase é uma ribonucleoproteína que se encontra hiperexpressa em um grande número de neoplasias malignas. Sua atividade se encontra aumentada nos casos de câncer de bexiga, podendo ser quantificada em amostras de urina ou de tecido. Esta proteína é pouco expressada pelas células eucarióticas normais. A presença da telomerase independe do estágio e do grau do tumor vesical. Sua sensibilidade e especificidade para diagnóstico de tumores uroteliais da bexiga está, respectivamente, entre 70% e 93% e 60% e 99%.
    fonte: http://www1.inca.gov.br/rbc/n_53/v03/pdf/revisao1.pdf

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