terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Marcadores Tumorais: Como Interpretar

     Finalmente, chegamos à décima postagem do blog "Marcadores Temporais"! Com o fim do blog, haverá também o encerramento do ciclo de postagens sobre os marcadores tumorais, bem como um resumo superficial do blog como um todo. Vamos lá?
   Como prometido, na postagem de hoje, falarei sobre como interpretar os dados fornecidos pelos marcadores tumorais, ou seja, como obter um diagnóstico a partir das concentrações desses marcadores, além de como acompanhar a efetividade de um tratamento a partir deles. Além disso, falarei brevemente sobre os sintomas que podem gerar a desconfianças da existência de um tumor, os quais são complementares aos exames na obtenção de um diagnóstico.
  Como dito em postagens anteriores, o marcador tumoral perfeito deveria ser muito específico para um dado tipo de câncer, além de sensível o suficiente para detectar a existência de uma reduzida quantidade de células neoplásicas. Dessa forma, esse marcador seria capaz de possibilitar o diagnóstico precoce. Além disso, seria interessante se o marcador em questão fosse produzido apenas pelas células tumorais. Como o leitor já deve imaginar, esse marcador perfeito não passa de uma idealização. Na "vida real", a maioria dos marcadores é bastante inespecífica, dificultando um diagnóstico baseado apenas em suas concentrações. Porém, outras fontes dizem, ainda, que um marcador tumoral perfeito é aquele capaz de atuar no diagnóstico, no prognóstico, no monitoramento do tratamento e no acompanhamento para detectar reincidência ou metástases.Se levarmos em conta essa última definição, a Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) pode ser considerada um marcador perfeito para o coriocarcinoma, que é um câncer que geralmente ataca a placenta durante a gestação.
   Para avaliar a efetividade de um tratamento com o uso de marcadores tumorais, um fator importante a se observar é seu tempo de permanência na circulação, medido a partir da meia vida, ou seja, o tempo gasto para que a concentração do marcador em questão caia pela metade, a partir do momento em que a produção cesse. Por exemplo, para a alfa-fetoproteína, citada nas postagens anteriores, a meia-vida é de 5 dias, para o antígeno prostático específico é de 3 dias e para a gonadotrofina coriônica cerca de 12 a 20 horas. Assim, caso a meia-vida observada seja significativamente maior do que a esperada, pode-se deduzir que o tratamento não foi efetivo o bastante para remover por completo a massa tumoral. Se os níveis de marcadores diminuírem, significa uma resposta positiva ao tratamento.
     Para explicar o uso dos marcadores tumorais no diagnóstico, usarei alguns exemplos práticos. Inicialmente, é importante destacar que, em geralos marcadores tumorais não são usados, individualmente, no diagnóstico do câncer. Para isso, a biópsia é sempre o teste mais confiável. Os marcadores tumorais, entretanto, podem auxiliar em casos de suspeita de câncer, além de poderem ajudar a descobrir o local de origem, se um tumor já se espalhou. Vamos aos exemplos prático: O PSA (Antígeno Específico da Próstata), desde a sua descoberta é tido e utilizado como tecido específico e sêmen específico marcador, logo, suas concentrações elevadas podem significar um câncer de próstata. Analisando um outro caso, se uma mulher tem uma suspeita de câncer na região da pelve e abdome, um resultado aumentado do marcador tumoral CA 125, também citado na postagem anterior, poderá sugerir um câncer de ovário, mesmo se após a cirurgia não ficar claro que a doença se iniciou nesse órgão. Isto é significativo, porque o tratamento pode ter como objetivo o câncer de ovário.   
      Falando sobre os sintomas dos tumores em geral, pode-se ressaltar que grande parte dos tumores, no início, não apresenta sintomas. Alguns não apresentam nem mesmo em fases avançadas. Porém, quando esses sintomas se manifestam, dependem do tipo e da localização das células neoplásicas em questão. Os tumores pulmonares, por exemplo, podem desencadear dor no peito, falta de ar ou tosse. Os tumores do sistema gastrointestinal, por sua vez, podem causar sangue nas fezes, diarréia e perda de peso. Assim, é importante ficar atento ao histórico familiar e sempre realizar os exames de rotina; além de consultar ajuda especializada a qualquer sinal de anormalidade.
       Então é isso, pessoal! Por aqui se encerra mais um blog. Espero que todos tenham compreendido que marcadores temporais são substâncias (hormônios, enzimas...) que possuem sua concentração alterada ao longo de processos fisiológicos, o que pode indicar doenças (Infarto Agudo do Miocárdio, tumores..), a ovulaçãoou até mesmo o envelhecimento, como acontece com a telomerase (citada nas primeiras postagens, lembram?) e com a lactase (será abordada no seminário, no qual tentarei convencê-los de que não devemos consumir leite após o período de amamentação!) Muito obrigada pela atenção, e espero ter despertado em vocês o interesse por esse assunto tão interessante e presente na prática médica! Tchau!


Referências: 
http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=105
http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/oncologi/livro3/cap/cap10.htm
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/como-os-marcadores-tumorais-sao-usados/4013/683/
http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Expert=99926&lng=PT
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/tumor

9 comentários:

  1. Antígeno prostático específico (PSA) é uma substância produzida pelas células da glândula prostática. O PSA é encontrado principalmente no sêmen, mas uma pequena quantidade é também encontrada no sangue. A maioria dos homens saudáveis ​​têm níveis menores de 4 ng/ml de sangue. A chance de um homem desenvolver câncer de próstata aumenta proporcionalmente com o aumento do nível do PSA. Geralmente quando o câncer de próstata está presente o nível do PSA está acima de 4 ng/ml. Entretanto, um nível abaixo desse valor não significa que o câncer não esteja presente. Quase 15% dos homens com PSA abaixo de 4 ng/ml são diagnosticados com câncer de próstata na biópsia. Os homens com nível de PSA na faixa de 4 ng/ml e 10 ng/ml, têm uma chance de 1 em 4 de ter a doença. Se o PSA se encontra acima de 10 ng/ml, a possibilidade de ter câncer de próstata é superior a 50%. Se o nível do PSA de um paciente é elevado, o médico pode sugerir a repetição do exame após um determinado intervalo de tempo ou a realização de uma biópsia da próstata para fechar o diagnóstico. Nem todos os médicos concordam com o mesmo ponto de corte do PSA para sugerir uma biópsia, alguns sugerem a realização de biopsia se o PSA é ≥ 4, enquanto outros podem recomendá-la a partir de ≥ 2,5. Outros fatores, como idade, raça e histórico familiar do paciente, também são considerados.
    http://www.oncoguia.org.br/conteudo/antigeno-prostatico-especifico-psa-no-diagnostico-do-cancer-de-prostata/1202/289/

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  2. O coriocarcinoma gestacional é um tumor trofoblástico gestacional (GTT, ver este termo) que ocorre secundáriamente à gestação (ectópica ou normal), aborto, interrupção voluntária da gravidez (IVG) ou uma mola hidatiforme. Os sinais sugestivos são metrorragia persistente ou inexplicável, aumento secundário, estagnação, ou não-normalização aos 6 meses dos níveis totais da gonadotrofina coriónica sérica (hCG) após a remoção de uma mola hidatiforme, metrorragia inexplicada persistente após aborto espontâneo ou VTP, metrorragia ocasionalmente inexplicável nas semanas ou meses após o parto normal ou uma gravidez ectópica. Ocasionalmente, as metástases (pulmão, fígado, cérebro, rins, vagina) são sinais indicativos em mulheres em idade fértil. Histologicamente, o coriocarcinoma é caracterizado por proliferação do trofoblasto, ausência de vilosidades coriónicas e necrose do tecido com hemorragia.

    http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Expert=99926&lng=PT

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  3. É realmente muito interessante esse novo conceito que o blog nos trouxe sobre marcadores temporais, e marcadores tumorais. Importante citar, como faz a postagem, que o diagnostico não pode ser fechado com base apenas nos marcadores. Por exemplo, um paciente que apresenta PSA livre alto não pode ser imediatamente diagnosticado com Câncer de próstata, pois outros fatores interferem nisso, desde o ato sexual praticado recentemente até andar de cavalo ou moto, que comprime a próstata. Interessante também o novo conceito que a postagem introduz de modelo perfeito do marcador tumoral, que permite o acompanhamento do tratamento do câncer. Dessa forma, construindo-se um histórico de níveis desse marcador no paciente, pode-se ter uma faixa de concentração que indica a recuperação ou retomada do tumor,

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  4. Muito já foi discutido nesse blog sobre a inespecificidade de vários marcadores temporais. Um exemplo de câncer bastante complexo e de difícil diagnóstico por concentração sérica de algum marcador específico é o câncer de pulmão. A inespecificidade de marcadores nesse câncer se deve a presença de diversos deles que também estão relacionados com outros canceres, não facilitando tanto o diagnóstico antes de que características mais avançadas da doença apareçam, como aumento do tamanho do tumor. Alguns desses marcadores são: antígeno carcinoembrionário (CEA), elonase neurônio-específica (NSE), K-RAS, EGFR/HER2-NEU, dentre outros. Porém, marcadores descobertos recentemente já melhoram as possibilidades para as pessoas com câncer de pulmão, pois esses marcadores tem aplicação tanto diagnóstica quanto terapêutica, tendo como alvo o comportamento biológico do tumor e a interrupção do seu ciclo celular.

    Fonte:
    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-35862002000300006&lng=pt&nrm=iso

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  5. Entre os principais marcadores tumorais estão: AFP (alfafetoproteína); MCA (antígeno mucóide associado ao carcinoma); Cromogranina A; BTA (antígeno tumoral da bexiga); Telomerase; NMP22 (proteína da matriz nuclear); Cyfra 21.1; PAP (Fosfatase Ácida Prostática); CA 72.4; ß-HCG (gonadotrofina coriônica humana); CA 125; CA 15.3; CA 19.9; CA 27.29; CA 50; Calcitonina; Catepsina D; CEA (antígeno carcinoembrionário); C-erbB-2 (oncogene); LDH (desidrogenase lática); K-ras; NSE (Enolase NeurônioEspecífica); PSA (antígeno prostático específico); p53 e β2-Microglobulina. O marcador ideal reúne as características de diagnóstico precoce de neoplasias e de sua origem, estabelecimento da extensão da doença, monitorização da resposta terapêutica e detecção precoce de recidiva, além de ser órgão-sítio específico e ter meia-vida curta, permitindo acompanhar temporariamente as mudanças do tumor. Este marcador ainda não existe no Brasil, e a maioria dos marcadores disponíveis peca pela falta de especificidade e sensibilidade, exceção feita ao PSA que é utilizado para rastreamento de neoplasia prostática.

    Referências:
    http://www.inca.gov.br/rbc/n_53/v03/pdf/revisao1.pdf?origin=publication_detail

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Como já bem citado na postagem não existe marcador tumoral perfeito. Mas eles são muitos utilizados, por causa de seus benefícios. Alguns já foram citados na postagem. Porém irei citar outros. Assim, pode afirmar que um marcador tumoral é importante em determinar o prognóstico, por exemplo, alguns tipos de câncer crescem e se espalham mais rapidamente do que outros. Mas, mesmo dentro de um tipo de câncer, por exemplo, o de testículo, alguns crescem e se disseminam mais rapidamente, ou podem ser mais ou menos sensíveis a certos tratamentos. Às vezes, o nível de um marcador tumoral pode ajudar a prever o comportamento e o prognóstico para certos tipos de câncer. No câncer de testículo, níveis muito elevados do marcador tumoral gonadotrofina coriônica humana (HCG) ou AFP são um sinal de um câncer mais agressivo e com pior prognóstico. Eles também são importantes em verificar a eficácia do tratamento, por exemplo, nos tumores de mama e de estômago, se as células cancerígenas têm uma grande quantidade da proteína HER2, medicamentos, como o trastuzumab podem ser úteis no tratamento. Se as quantidades de HER2 forem normais, esses medicamentos não fazem diferença.
    Fonte: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/como-os-marcadores-tumorais-sao-usados/4013/683/

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  8. O Câncer de ovário é o câncer ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e o mais letal. Sua incidência está associada a fatores genéticos, hormonais e ambientais. A história familiar é o fator de risco isolado mais importante (cerca de 10% dos casos). A doença pode acometer a mulher em qualquer idade, mas é mais frequente depois dos 40 anos.Os genes BRCA1 e BRCA2, que também podem causar câncer de mama, estão amplamente correlacionados com o câncer de ovário. As portadoras do primeiro gene apresentam 45% de possibilidade de desenvolver esse tipo de câncer durante a vida; as portadoras do segundo gene têm 25%. O diagnóstico do câncer de ovário se dá através da medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125 (80% das mulheres com câncer de ovário apresentam CA 125 elevado) e ultrassonografia pélvica. O marcador tumoral nesse caso, como muito bem dito na postagem, é um dos poucos indicadores da doença que ainda mata muito por ausência de correto diagnóstico. O blog teve sucesso em despertar a curiosidade do leitor a respeito de marcadores temporais.
    Fonte: http://drauziovarella.com.br/mulher-2/cancer-de-ovario/

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  9. Os marcadores tumorais são macromoléculas presentes no tumor, no sangue ou em outros líquidos biológicos, cujo aparecimento e/ou alterações em suas concentrações estão relacionados com a gênese e o crescimento de células neoplásicas. Pode-se dizer que pacientes que inicialmente apresentam um marcador tumoral em nível elevado, e que se normaliza com a intervenção terapêutica invariavelmente têm uma resposta favorável; já aqueles que apresentam um marcador tumoral persistentemente elevado ou em ascensão apresentam alta probabilidade de doença recorrente ou progressiva e devem ser vistos como suspeitos de doença metastática.

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